Terça, 26 de abril de 2011
Por Ivan de Carvalho

Sobre
o que era e ainda é o segundo maior partido da oposição, o Democratas, ex-PFL,
foi aqui dito que está em colapso, não só pelos pobres resultados obtidos nas
urnas de outubro passado como porque esse mau resultado e outros fatores
provocaram uma dissenção interna entre a ala que ficou afinal no comando da
legenda e a ala minoritária.
Nesta ala
minoritária do DEM estão (ou estavam) o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab,
o vice-governador paulista Afif Domingos, o ex-senador catarinense e
ex-presidente do PFL, Jorge Bornhausen e o governador de Santa Catarina,
Raimundo Colombo, a senadora Kátia Abreu e outros políticos menos expressivos
ou sem expressividade nenhuma. Essa ala está decidida a fundar um novo partido,
o PSD, que se declara “independente”, mas obviamente precisará adotar mais
adiante uma posição, pois em política “independente” só existe como coisa
provisória.
Diante das
dificuldades do PSDB para lidar com seu quadro interno e com um governo
esmagadoramente majoritário no Congresso Nacional e diante da crise que leva o
DEM a uma situação de colapso ou, na melhor das hipóteses, muito próxima disso,
alguns andaram veiculando rumores de que o DEM, ou políticos de
responsabilidade na legenda, admitiam a hipótese de fusão do DEM com o PSDB,
melhor dizendo, de absorção do DEM pelo PSDB.
Isto, o líder
democrata na Câmara dos Deputados, ACM Neto, descartou ontem, em entrevista em Recife. Fusão coisa
nenhuma, garante ele. Este é um assunto que não está em pauta. Os dois
principais partidos da oposição devem passar por uma renovação, cada um deles
pela sua, e saírem por aí procurando gente nova para reforçar as duas legendas
em suas bases. Cada um dos partidos buscando seus próprios reforços renovadores
nos setores com que tenham mais afinidade. Isto até 5 de outubro, quando
termina o prazo para a filiação de candidatos às eleições municipais. Pois tudo
isso ele defende que seja feito com a preocupação primeira de saírem
fortalecidos das eleições municipais de 2012.
Está muito
próximo dessas idéias o presidente estadual do Democratas, ex-deputado e
ex-candidato a senador José Carlos Aleluia, que discorreu sobre o assunto no
domingo, programa “Entrevista coletiva”, da Rede Bandeirantes. É geralmente um
bom programa, infelizmente relegado a horário tardio. Mas não entendo bem esse
nome do programa, afinal há sempre apenas um entrevistador. E um entrevistado.
Podia ser apenas “Entrevista”.
Aleluia explicou
o que deseja para as oposições na Bahia e em Salvador, especialmente, em 2012:
Uma coligação formada pelo DEM, PSDB, PMDB, PPS e PR, pelo menos. O candidato a
prefeito seria de uma dessas legendas. A candidatura seria de oposição ao que
está aí e o que está aí, Aleluia deixou claro, são Jaques Wagner e sua base e o
prefeito João Henrique. “O projeto político de Wagner é o mesmo projeto de João
Henrique”, afirmou o presidente do DEM, significando, segundo entendi, que
mesmo que o governador e o PT tenha candidato próprio e o prefeito tenha um
outro candidato, digamos, João Leão, do PP, em essência o projeto político
dessas duas forças é o mesmo.
E a oposição
está aí, segundo quer o presidente do DEM, José Carlos Aleluia, para desafiá-lo
e cumprir seu dever de se opor. E buscar a alternância no poder.
- - - - - - -
- - - - -- - - - -
Este artigo
foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de
Carvalho é jornalista