Terça, 5 de março de 2013
Helio FernandesTribuna da Imprensa
O Vaticano parece (e está mesmo) completamente desorientado. Não sabe
 quantos cardeais estão em Roma e muito menos onde estão os que chegaram
 há mais de uma semana. Os cardeais, sem bússola, não sabem para onde 
vão. Assim, conversam. Tudo informal, mas como passam os dias juntos, 
vão surgindo ideias.
Devagar, quase parando
A que parece majoritária: deixar traçado um plano de reforma para o 
futuro Papa, seja ele quem for, venha de onde vier. Seria uma espécie de
 Concilio Vaticano III, nos moldes do que foi feito com o Concílio 
Vaticano II. Não querem deixar o novo Papa com poderes sem contestação.
Só que essa reforma é quase impossível, o Papa tem sempre um esquema 
de atuação, muito acima até mesmo desses 115 cardeais. João XXIII deixou
 pronto o Concilio Vaticano II, com reformas que eram ansiadas e 
desejadas por quase todos. Veio Paulo VI, revogou tudo, não fez nenhuma 
reforma. Quem diz que houve mudança de mentalidade?
Outra ideia, minoritária, lógico, a de separar a parte administrativa
 do Estado do Vaticano, da doutrina da fé e da preservação dos milhões 
de fiéis, que vão diminuindo assustadoramente. (Para a Igreja). Seria 
uma espécie de terceirização, que acabaria os repetidos escândalos que 
consomem e ameaçam o Vaticano.
Em suma: não há suma. A vontade de mudança é grande, enorme, 
inimaginável. Mas o futuro Papa obrigatoriamente estará entre os 
votantes, pode até votar a favor. E depois, todo poderoso, abandonar 
tudo. De qualquer maneira, parece que neste março (ou só no final) não 
haverá fumaça branca. Mesmo se houver, logo, logo poderá estar mudando 
de cor.
AS EMPREITEIRAS-CONSTRUTORAS,
 RICAS E PODEROSAS DONAS DO BRASIL.
 QUEM GARANTE A IMPUNIDADE DELAS?
A CPI da Delta levantou a ponta do escândalo (já denunciado por mim 
várias vezes na Tribuna impressa) quase eterno que domina o setor. E a 
Delta, na ordem de importância, não chega nem entre as 10 primeiras. 
Mesmo assim não conseguiram nada, a CPI ficou no vazio, governo e 
oposição, “caventizados” e abraçados. E Sergio Cabral montando guarda 
para ele e para as empreiteiras-construtoras.
Por que a terceira fortuna do Brasil (Listada pela Forbes) é a 
herdeira de um desses senhores poderosos? Notem bem: não é ele, é a 
herdeira. Nos círculos desse setor, conta-se a seguinte historinha, nada
 absurda. Numa madrugada, o capataz de uma empreiteira teve que ligar 
para o patrão, com notícia desagradável: “O senhor desculpe ligar a esta
 hora, mas houve uma tragédia, dois funcionários morreram soterrados”. E
 o patrão, de forma fulminante, respondeu: “Soterrados, não, 
empedrados”. É que ele estava fazendo movimento de terra, mas cobrava 
como movimento de pedra, muito mais caro.
Confiram as obras para a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e a 
Olimpíada, quase todas perto da casa do bilhão. Verifiquem o estádio do 
Corinthians, que fortuna. Garantido por empresas estatais, intermediadas
 pelo ex-presidente Lula. Não acontecerá nada, pelo menos nesta 
República, de ex-presidentes torcedores.
POR QUE O IPHAN DE BRASÍLIA DOOU
 A MARINA DO ATERRO A EIKE BATISTA,
 SEM CONSULTAR O IPHAN DO RIO?
É mais um dos grandes escândalos. Vem se arrastando há tempos, já haviam decidido DOAR
 a propriedade pública ao empresário que já estava entre os 100 mais 
ricos do mundo, mas mesmo para ele, era bandalheira da grossa. Agora, 
com a AUTORIZAÇÃO do IPHAN de Brasília, surgiram provas (não mais indícios ou sussurros) da escandalosa DOAÇÃO.
Por que não consultaram o IPHAN do Rio? Nem é caso de consulta, até 
mesmo de comunicação. Se não lessem jornais, arquitetos e engenheiros do
 Rio não saberiam de nada. Tudo é vago, mas rigorosamente conclusivo e 
lesivo para a maravilha que é o Aterro.
Construção de 15 andares de altura, que ninguém sabe como calcular. 
633 vagas de estacionamento em pleno Aterro. Sem contar que Eike Batista
 vai construir muito mais do que a autorização que irá receber. Só não 
receberá se houver um movimento nas redes sociais para impedir esse 
roubo ou usurpação do patrimônio público.
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PS – FHC diz que está escrevendo um livro “nada pretensioso”. 
Então, não é dele. E tem a audácia de dizer que foi “influenciado” por 
Euclides da Cunha, Raymundo Faoro, Florestan Fernandes, Gilberto Freyre.
 Idiossincrasia. Ignomínia.
