Segunda, 14 de novembro de 2016
De 2014 para cá, a produção estagnou, o desemprego disparou e o valor real dos salários desabou.
A recessão que havia sido criada pelo ajuste fiscal do ex-ministro
Joaquim Levy (2015-2016) aprofundada pela Lava Jato e pela crise
internacional, agora, toma contornos drásticos com as medidas de ajuste
mais severas e de longo prazo do golpista Temer.
De certa forma, tal recessão tão profunda era desejada por banqueiros
e mesmo por certas grandes empresas. Era a fórmula para gerar
desemprego e enfraquecer o poder de barganha dos sindicatos. Isso fez
com que, nestes 2 últimos anos, os salários passassem a perder feio para
a inflação pela primeira vez desde o início do governo Lula. Tudo para
baratear o custo do trabalho e recuperar lucratividade e, assim, a
“competitividade”.
Entre agosto de 2014 a agosto de 2016, a produção da indústria
brasileira caiu 16% do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Durante o final do primeiro semestre deste ano, parecia que
haveria uma recuperação, mas entre julho e agosto a produção voltou a
cair 3,8%. Os “índices de confiança” dos empresários industriais, da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), que também mostravam recuperação,
apresentaram nova queda no mês de outubro. Isso mostra que a recessão
deve continuar profunda por mais algum tempo.
O fato é que a destruição de empregos ainda não parou de crescer.
Entre dezembro de 2014 até agosto de 2016 foram destruídos 2milhões e
200 mil empregos com carteira assinada. E o massacre continua: agosto
foi o 17º mês seguido de aumento do desemprego formal.
Como a perda de emprego celetista equivaleu a 82% do total da redução
de “ocupados” nos últimos 12 meses (dados da PNAD-Cont. IBGE)
percebe-se que, além de demitidos, mais trabalhadores estão perdendo as
melhores vagas, melhor remuneradas e com mais garantia de direitos.
Todo o aumento salarial acima da inflação arrancado durante os
governos Lula e início de Dilma foram revertidos com o Plano Levy/
Barbosa. Mas a produtividade não parou de crescer. Ou seja, cada
trabalhador produz mais e recebe menos salário.
O lucro empresarial voltou a crescer, às custas do trabalhador.
Alberto Handfas
Artigo originalmente publicado na edição nº 797 do jornal O Trabalho de 27 de outubro de 2016.