Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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sexta-feira, 4 de outubro de 2024

ELEIÇÕES, GUERRAS, FINANÇAS, MÍDIA ESTUPIDIFICANTE E O FIM DE UMA ERA

Sexta, 4 de outubro de 2024

ELEIÇÕES, GUERRAS, FINANÇAS, MÍDIA ESTUPIDIFICANTE E O FIM DE UMA ERA


Pedro Augusto Pinho*


Este mês de outubro, como lembrou o escritor Ruben Naveira, em artigo no Viomundo (03/10/2024), revelará diferente “october surprise”, que vem acompanhando as eleições estadunidenses.

O mundo ocidental conduzido desde 1980 pelas finanças — sempre é bom lembrar a divulgação do “Consenso de Washington”, em 1989, como a bíblia dos governos pelo mundo afora, que no Brasil foi traduzido pelo controle fiscal — provocou os endividamentos públicos e privados e as guerras, que a farsa do 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, nos mostrou com clareza.

Este mundo ocidental, aí incluído o Japão que nele se insere politicamente e com dados de 2020, tem a dívida impagável que corresponde, de acordo com o Gabinete de Estatísticas da União Europeia (EUROSTAT), a quase duas vezes seu Produto Interno Bruto (PIB). Não se computando aí aquela formada por títulos sem lastro, acolhidos como investimentos pelo sistema financeiro.

Porém, o século XXI trouxe também a conclusão de processos de transformação política, social, econômica, tecnológica que se desenvolviam, desde vinte ou trinta anos antes de 2000, em países continentais como a Rússia e a China, principalmente pelo Oriente, que se pode sintetizar nos BRIC, de 2001, onde apenas o Brasil foi exceção. Hoje, no BRICS ampliado, ainda prevalece a ampla maioria oriental e se lhe pode atribuir, então, ser a voz do “Sul Global”.

De certo modo, exceto para quem se deixa conduzir pela mídia colonizante, lembra o fim da Idade Média, quando o Oriente forneceu tecnologia e produtos para o Ocidente, possibilitando seu enriquecimento com a dominação das Américas. Ver, como exemplo, a trajetória de Marco Polo e sua família.

A mais significativa diferença deste “Sul Global” para os seguidores do Consenso de Washington é a proposta transformadora, inovadora, que mais uma vez vem do Oriente, e a reação bélica, truculenta, para manutenção da riqueza construída por guerras e pela escravidão.

Nas eleições nos Estados Unidos da América (EUA), em novembro deste ano, como nestas municipais, em 05 de outubro, no Brasil, não existe, efetiva e praticamente, uma escolha, uma opção, apenas se configura a intensidade da aplicação do Consenso de Washington, os limites de gastos destinados a atender a população, e na truculência, que a desinformação é parte, e as agressões físicas são as mais visíveis, para manutenção deste sistema excludente e concentrador vigente.

Esta truculência está, por exemplo, nas sanções, embargos, bloqueios, medidas coercitivas unilaterais que o poder financeiro, principalmente mas não apenas pelos EUA, impõe contra os que ousam contestar sua dominação.

Isso se constata flagrantemente em Cuba, Venezuela, Nicarágua, Irã, Síria, República Popular Democrática da Coreia, Burundi, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Rússia, Belarus ou Bielorrússia, e muitos outros, prejudicando fortemente os países menos desenvolvidos e acarretando verdadeiro tiro no pé, quando o país agredido é uma potência como a Rússia.

Há diversas guerras e tentativas de golpes de estado em andamento pelo mundo, viu-se, faz pouco tempo, na vizinha Bolívia e, mais recentemente, na eleição venezuelana, não por mero acaso onde estão as maiores reservas mundiais de lítio e de petróleo num só país, patrocinados principalmente pelos dois países que mais representam o poder financeiro: EUA e Reino Unido (UK).

Porém, aqueles que podem provocar o conflito nuclear, de incalculáveis consequências, acontecem em três agressões. No genocídio do Estado de Israel ao povo palestino e, dentro do projeto sionista subsidiado pelo UK, para domínio de todo Oriente Médio. Na provocação à República Popular da China (China), com uso da ilha de Taiwan, estão os EUA e este traidor da cultura oriental que é o Japão. E na desmoralização europeia, revelando a fragilidade operacional da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), como consequência da Euromaidan ou Revolta de Maidan, há cerca de dez anos, que a mídia estupidificante noticia como invasão da Rússia à Ucrânia, sendo Putin, ditador, e Zelensky, continuando no governo, mesmo tendo encerrado seu mandato e sem previsão de promover eleição, presidente.

domingo, 25 de outubro de 2020

As contas do Banco Mundial

 Domingo, 25 de outubro de 2020

Do 

por Eric Toussaint  — 21 de Outubro

Em 2020, o Banco Mundial (BM) e o FMI fazem 76 anos. Estas instituições financeiras internacionais (IFI), criadas em 1944 e dominadas pelos EUA e seus aliados, agem sistematicamente contra os interesses dos povos, concedendo empréstimos aos estados com o fim de influir nas suas políticas. O endividamento externo foi e continua a ser utilizado como instrumento de submissão dos devedores.

Desde a sua criação, o FMI e o BM violaram pactos internacionais relativos a direitos humanos e nunca hesitaram, nem hesitam, em apoiar ditaduras.

É urgente fazer uma nova forma e descolonização, para sair do impasse em que as IFI e seus principais accionistas encurralaram o mundo. É preciso construir novas instituições internacionais.

Publicamos aqui uma série de artigos de Éric Toussaint, que descreve a evolução do Banco Mundial e do FMI desde a sua criação. Estes artigos foram extraídos do livro Banco Mundial: o Golpe de Estado Permanente, que pode ser consultado gratuitamente em francês ou em castelhano. Existe também uma edição inglesa.

Desde que o Banco Mundial iniciou a sua actividade, em 1946, todos os anos, sem excepção, obteve um resultado operacional líquido positivo. Em 1963, o Banco Mundial é confrontado com benefícios tão significativos que o seu novo presidente, George Woods, que tinha sido, pouco tempo antes, presidente do banco First Boston, propôs à direcção do Banco distribuir dividendos pelos accionistas como qualquer banco que se preze [1]. A ideia é abandonada porque a direcção considera que a distribuição de dividendos daria uma muito má imagem do Banco perante os países em desenvolvimento endividados. Decidiu-se, então, transferir os lucros para as reservas do Banco. Em 2005, as reservas do Banco totalizavam 38,5 mil milhões de dólares.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Gêmeos

Julho
23

Gêmeos



Em 1944, no paraíso turístico de Bretton Woods, foi confirmado que estavam em gestação os irmãos gêmeos que a humanidade andava precisando.
Um ia se chamar Fundo Monetário Internacional e outro, Banco Mundial.
Como Rômulo e Remo, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e na cidade de Washington, pertinho da Casa Branca, acharam onde morar.
Desde então, os dois governam os governos do mundo. Em países onde não foram eleitos por ninguém, os gêmeos impõem o dever de obediência como fatalidade do destino: vigiam, ameaçam, castigam, examinam:
— Você está se comportando bem? Fez a lição de casa?

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”. L&PM Editores, 2ª edição, pág. 235.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Malditos sejam os pecadores

Julho
24

Malditos sejam os pecadores

No idioma aramaico, que Jesus e seus apóstolos falavam, uma mesma palavra significa dívida e pecado.

Dois milênios depois, os pobres do mundo sabem que a dívida é um pecado que não tem expiação. Quanto mais você paga, mais você deve; e no Inferno está a sua espera o castigo dos credores.


Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos   dias”. Editora L&PM, 2ª edição, pág. 236.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Gêmeos

Julho
23

Gêmeos



Em 1944, no paraíso turístico de Bretton Woods, foi confirmado que estavam em gestação os irmãos gêmeos que a humanidade andava precisando.
Um ia se chamar Fundo Monetário Internacional e outro, Banco Mundial.
Como Rômulo e Remo, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e na cidade de Washington, pertinho da Casa Branca, acharam onde morar.
Desde então, os dois governam os governos do mundo. Em países onde não foram eleitos por ninguém, os gêmeos impõem o dever de obediência como fatalidade do destino: vigiam, ameaçam, castigam, examinam:
— Você está se comportando bem? Fez a lição de casa?


Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”. Editora L&PM, 2ª edição, pág. 235.

domingo, 23 de julho de 2017

Gêmeos

Julho
23

Gêmeos


Em 1944, no paraíso turístico de Bretton Woods, foi confirmado que estavam em gestação os irmãos gêmeos que a humanidade andava precisando.
Um ia se chamar Fundo Monetário Internacional e outro, Banco Mundial.
Como Rômulo e Remo, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e na cidade de Washington, pertinho da Casa Branca, acharam onde morar.
Desde então, os dois governam os governos do mundo. Em países onde não foram eleitos por ninguém, os gêmeos impõem o dever de obediência como fatalidade do destino: vigiam, ameaçam, castigam, examinam:
Você está se comportando bem? Fez a lição de casa?

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”. Editora L&PM, 2ª edição, pág. 235.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Relatório Banco Mundial: crise pode levar 3,6 milhões de brasileiros de volta à pobreza

Terça, 14 de fevereiro de 2017
Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil
A crise econômica poderá levar até 3,6 milhões de brasileiros para abaixo da linha de pobreza até o fim do ano. A estimativa é do Banco Mundial, que divulgou estudo referente ao impacto da recessão sobre o nível de renda do brasileiro. A projeção considera que a economia encolherá 1% no segundo semestre de 2016 e no primeiro semestre deste ano (ano-fiscal 2016/2017).

Num cenário mais otimista, que prevê crescimento de 0,5% da economia nesse período, o total de pobres subiria em 2,5 milhões, segundo o Banco Mundial.

sábado, 23 de julho de 2016

Gêmeos

Julho

23

Gêmeos


Em 1944, no paraíso turístico de Bretton Woods, foi confirmado que estavam em gestação os irmãos gêmeos que a humanidade andava precisando.
Um ia se chamar Fundo Monetário Internacional e outro, Banco Mundial.
Como Rômulo e Remo, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e na cidade de Washington, pertinho da Casa Branca, acharam onde morar.
Desde então, os dois governam os governos do mundo. Em países onde não foram eleitos por ninguém, os gêmeos impõem o dever de obediência como fatalidade do destino: vigiam, ameaçam, castigam, examinam:
— Você está se comportando bem? Fez a lição de casa?

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”. Editora L&PM, 2ª edição, pág. 235.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Gêmeos

Julho

23

Gêmeos


Em 1944, no paraíso turístico de Bretton Woods, foi confirmado que estavam em gestação os irmãos gêmeos que a humanidade andava precisando.
Um ia se chamar Fundo Monetário Internacional e outro, Banco Mundial.
Como Rômulo e Remo, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e na cidade de Washington, pertinho da Casa Branca, acharam onde morar.
Desde então, os dois governam os governos do mundo. Em países onde não foram eleitos por ninguém, os gêmeos impõem o dever de obediência como fatalidade do destino: vigiam, ameaçam, castigam, examinam:
— Você está se comportando bem? Fez a lição de casa?

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”. Editora L&PM, 2ª edição, pág. 235.
 

terça-feira, 21 de abril de 2015

Verba do Banco Mundial financiou remoções na Etiópia

Terça, 21 de abril de 2015
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
 
Financiamento originalmente destinado a programa público de saúde e educação foi desviado pelo governo etíope para bancar remoções forçadas de programa de formação de vilas

Soldados apontaram suas armas para Odoge Otiri e levaram o estudante, de 22 anos, para a floresta que cerca a sua comunidade, no oeste da Etiópia. Então começaram a agredi-lo com seus cassetetes e o deixaram sangrando e imobilizado. “Fiquei inconsciente”, lembra. “Só me deixaram lá porque acharam que eu fosse morrer.”

Naquela noite, os soldados prenderam sua esposa, Aduma Omot. “Os soldados me levaram para o acampamento deles”, conta Omot. “Aí me maltrataram, me estupraram.” Segundo ela, eles a mantiveram presa por dois dias antes de deixá-la ir.

Os soldados atacaram o casal, afirma Otiri, porque ele se opôs à proposta das autoridades etíopes de fazer com que ele e seus vizinhos saíssem forçosamente de suas casas, como parte do esforço de reassentamento do governo etíope, a chamada política de “villagization” (formação de vilas) – um enorme projeto social que levou quase 2 milhões de pessoas pobres a se mudarem para áreas recentemente construídas e escolhidas pelo governo para reassentá-las.

Otiri e Omot estão entre os milhares de anuaks, uma comunidade nativa de maioria cristã da província rural de Gambella, no interior da Etiópia, que fugiram da campanha de reassentamento em massa do país.
Odoge Otiri e Aduma Omot disseram ter sido brutalmente atacados por soldados etíopes que estavam pondo em prática campanha de remoções forçadas. (Foto: Andreea Campeanu / International Consortium of Investigative Journalists)
Odoge Otiri e Aduma Omot disseram ter sido brutalmente
atacados por soldados etíopes que estavam pondo em
prática campanha de remoções forçadas
(Foto: Andreea Campeanu / International Consortium of
Investigative Journalists)

O governo etíope financiou as remoções com grandes quantias da mais influente instituição financeira voltada para o desenvolvimento, o Banco Mundial, segundo disseram ao International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) dois ex-funcionários do governo etíope que ajudaram a realizar o programa de reassentamentos. O dinheiro, contam os ex-funcionários, foi desviado de empréstimos que somaram US$ 2 bilhões e haviam sido destinados pelo Banco Mundial para um programa governamental para saúde e educação.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Obras do Banco Mundial deixam comunidades do sertão do Ceará sem água potável

Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
por  | 16 de abril de 2015

Moradores atingidos por açudes financiados pelo Banco Mundial foram reassentados sem a garantia de direitos estipulada pelas regras do órgão internacional

“Põe na boca essa água aí”, desafia Paulo Sérgio de Moraes Alves, 34 anos, presidente da Isca (Instituição Sócio-Comunitária da Agrovila), a associação dos moradores da agrovila Gameleira. Obedeço e a língua enrola. A água é sal puro. “Agora você imagina ficar tomando banho com essa água, macho. A pele seca, cheia de ferida. Tem criança que já ficou doente”, protesta Paulo Sérgio.
A revolta é maior porque foi por causa de uma obra de combate à seca que pessoas como Paulo Sérgio perderam, além de suas casas, o acesso à água potável e à luz que tinham antes do reassentamento. Há quase quatro anos – período que coincide com uma seca histórica no Ceará – os moradores foram expulsos de casa e reassentados para dar lugar ao açude Gameleira, localizado na divisa entre as áreas rurais dos municípios de Trairi, Itapipoca e Tururu – distante 150 km da capital, Fortaleza. “Antigamente, a gente morava na beira do rio. Mesmo na época da seca, se o rio secava, dava pra cavar cacimba. Dava pra se adaptar. Aqui a gente tem que ficar usando essa água salgada”, explica Paulo Sérgio.
O agricultor Paulo Sérgio Alves, presidente da ISCA Gameleira, posa para foto à beira do açude. Área era para estar alagada, caso o açude estivesse cheio, o nível de água era inferior 10% quando a reportagem visitou o local (Foto: Ciro Barros)
O Gameleira foi um dos cinco açudes construídos na segunda etapa do PROGERIRH (Projeto de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Estado do Ceará), uma parceria do governo cearense com o Banco Mundial, que há mais de vinte anos realizam juntos programas de combate à seca no estado. Na primeira etapa do PROGERIRH, em 2000, o Banco Mundial emprestou US$ 136 milhões ao governo do Ceará. Nessa segunda etapa, iniciada em 2008, o banco destinou US$ 103 milhões para o programa.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Banco Mundial violou suas próprias regras na Etiópia, diz relatório vazado

Sexta, 23 de janeiro de 2015
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo

Órgão interno de fiscalização encontra ligação entre financiamento do Banco Mundial e reassentamento em massa de grupo indígena por governo etíope
Crianças Anuak no campo de refugiados Gorom, no Sudão do Sul. Muitos Anuak fugiram da Etiópia durante a campanha de reassentamento do governo chamada "villagization" (formação de vilas). Foto: Andreea Campeanu/ICIJ
Crianças Anuak no campo de refugiados Gorom, no Sudão do Sul.
Muitos Anuak fugiram da Etiópia durante a campanha de
reassentamento do governo chamada “villagization” (formação de vilas).
Foto: Andreea Campeanu/ICIJ

Por Sasha Chavkin, do ICIJ

O Banco Mundial violou sistematicamente suas próprias regras ao financiar uma iniciativa de desenvolvimento na Etiópia acusada de ter causado remoções forçadas de milhares de indígenas, de acordo com um relatório vazado, feito pelo Painel de Inspeção, órgão de fiscalização interna do Banco Mundial.

O relatório, obtido pelo International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), examina uma iniciativa de educação e saúde que foi financiada por cerca de US$ 2 bilhões do Banco Mundial ao longo da última década. Membros do grupo indígena Anuak, da província de Gambella, na Etiópia, acusaram as autoridades do país de destinar parte do dinheiro do projeto a financiar um programa de remoções forçadas em massa. Além disso, acusaram os soldados de bater, estuprar e matar os Anuak que se recusaram a abandonar suas casas. O banco continuou financiando a iniciativa de educação e saúde ao longo de anos após as alegações emergirem.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

As mentiras teóricas do Banco Mundial

Quarta, 3 de dezembro de 2014
do site Esquerda.Net
As ações do Banco não se resumem a uma sucessão de erros ou de maus atos. Pelo contrário, fazem parte de uma visão coerente, teórica e conceptual, que se ensina doutamente na maioria das universidades, sustentada por centenas de livros de economia do desenvolvimento. Por Eric Toussaint.
O Banco Mundial considera que os países em desenvolvimento (PED)1 devem recorrer ao endividamento externo e atrair investimento estrangeiro para progredirem. Esse endividamento serve principalmente para comprar equipamento e bens de consumo aos países mais industrializados. Os factos demonstram, dia após dia, há décadas, que isso não funciona. Os modelos que influenciaram o Banco Mundial implicam logicamente uma forte dependência dos PED das entradas de capital externo, principalmente sob a forma de empréstimos, na ilusão de atingirem um nível de desenvolvimento autossustentado. Os empréstimos são considerados pelos fornecedores de fundos públicos (governos dos países mais industrializados e BM em particular) como um poderoso meio de influenciar os países endividados. Portanto, as ações do Banco não se resumem a uma sucessão de erros ou de maus atos. Pelo contrário, fazem parte de uma visão coerente, teórica e conceptual, que se ensina doutamente na maioria das universidades, sustentada por centenas de livros de economia do desenvolvimento. O Banco produz uma verdadeira ideologia do desenvolvimento. Quando os factos desmentem a teoria, o Banco não questiona a teoria. Pelo contrário, tenta deformar a realidade para continuar a proteger o dogma.
Ao longo dos dez primeiros anos de existência, o BM produziu muito pouca reflexão sobre o tipo de política económica a apoiar nos países em desenvolvimento. Diversas razões explicam isso: 1) o assunto não faz parte das prioridades do BM. Em 1957, a maioria dos empréstimos do BM (52,7%) ainda é concedida aos países industrializados;2 2) a matriz teórica dos economistas e dirigentes do BM é de inspiração neoclássica. Ora, a teoria neoclássica não concede um lugar específico aos PED;3 3) o BM só desenvolveu um instrumento específico para conceder empréstimos com baixas taxas de juro aos países em desenvolvimento em 1960 (criação da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) – ver cap. 3).
O BM faz pouco, mas isso não o impede de criticar os outros. Foi assim que, em 1949, o Banco criticou um relatório da Comissão das Nações Unidas para o emprego e a economia, que defendia o investimento público na indústria pesada dos PED. O BM declarou que os poderes públicos dos PED têm muito a fazer no que diz respeito à construção de boas infraestruturas e que devem deixar a responsabilidade da indústria pesada para a iniciativa privada local e estrangeira.4
Segundo os historiadores do BM, Mason e Asher, a orientação do Banco parte do princípio que os setores público e privado devem exercer funções diferentes. O setor público deve assegurar o desenvolvimento planificado de infraestruturas adequadas: ferrovias, estradas, centrais elétricas, instalações portuárias e meios de comunicação em geral. Ao setor privado compete a agricultura, a indústria, o comércio e os serviços pessoais e financeiros, porque em todos esses domínios pressupõe-se que a iniciativa privada tem melhor desempenho do que o setor público.5 Na verdade, deve ser concedido ao setor privado tudo o que é suscetível de produzir lucro. Em contrapartida, as infraestruturas ficam a cargo do setor público, porque se trata de socializar os custos com o objetivo de ajudar a iniciativa privada. Em suma, o Banco Mundial recomenda a privatização dos benefícios e também a socialização dos custos daquilo que não é diretamente rentável.
Uma visão do mundo conservadora e etnocêntrica
A visão do BM está marcada por diferentes preconceitos conservadores. Nos relatórios e discursos dos quinze primeiros anos de existência, o BM faz referência regularmente às regiões atrasadas e subdesenvolvidas, configurando todo um programa. Sobre as causas do subdesenvolvimento, o banco adota uma visão etnocêntrica. Pode-se ler no oitavo relatório anual do BM que: “Existem muitas e complexas razões para certas regiões do mundo não serem mais desenvolvidas. Diversas culturas, por exemplo, têm dado pouco valor ao desenvolvimento material e, de facto, algumas consideram-no incompatível com os objetivos mais desejáveis para a sociedade e para o indivíduo”. 6 A ausência de desejo ou de vontade de progresso material e de modernização da sociedade é apresentada como uma das causas do atraso. O profundo respeito dos hindus pela vacas torna-se uma chave para compreender o atraso da Índia. Sobre a África, Eugene Black, presidente do BM, declara em 1961: “Apenas hoje a maior parte dos 200 milhões de africanos começa a participar na sociedade mundial”.7 A maneira de ver reacionária do Banco Mundial não desapareceu totalmente ao longo tempo. O Banco escreve o seguinte no Relatório sobre o desenvolvimento mundial, em 1987: “Nos ‘Princípios de Economia Política’ (1848), John Stuart Mill evoca as vantagens resultantes do ‘comércio exterior’. Embora, após mais de um século, essas observações permaneçam tão válidas como em 1848”. Ao falar das vantagens indiretas do comércio, Mill declara: “… um povo pode estar num estado letárgico, indolente, inculto, tendo todas as aspirações satisfeitas, mesmo em sonhos, e pode não aplicar todas as suas forças produtivas por lhe faltar um objeto de desejo. A aventura do comércio externo, fazendo-o conhecer novos objetos ou suscitando a tentação de adquirir objetos que antes pensava não poder possuir..., encoraja aqueles, que se satisfaziam com pouco conforto e trabalho, a trabalharem mais duramente para satisfazerem os seus novos desejos e até mesmo a economizarem e a acumularem capital…”.8 O regresso vigoroso dos neoconservadores, com a chegada da administração de G. W. Bush (2001-2008), aprofundou esse caráter profundamente materialista e reacionário. A nomeação de Paul Wolfowitz, um dos principais neocons, para a presidência do Banco, em 2005, cimentou essa orientação.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Explore o mapa da corrupção mundial

Quinta, 14 de junho de 2012

 Por Luiza Bodenmüller
Banco Mundial lança banco de dados expondo casos de desvio de dinheiro público enviado para bancos internacionais. No Brasil, Maluf, Daniel Dantas e o Propinoduto estão na lista

O Banco Mundial lançou um banco de dados que reúne informações sobre 150 casos  internacionais onde houve, comprovadamente, a movimentação bancária de um montante igual ou superior a US$ 1 milhão relacionado à corrupção e desvio de dinheiro.

Os dados foram obtidos através de investigações, que ocorreram entre 1980 e 2011, feitas a partir de documentos (processos e  registros corporativos) e entrevistas com auditores e instituições financeiras. O internauta pode buscar por país casos de pedido de retorno de dinheiro desviado em contas bancárias no exterior.

A proposta é estruturar um mapeamento global de iniciativas dedicadas a promover a transparência, visando coibir a corrupção ao redor do mundo.

Batizado de “The Grand Corruption Cases Database Project”, o projeto teve origem num relatório publicado pelo Banco Mundial no final de 2011 chamado “mestres da manipulação de marionetes”, que investigou como governantes corruptos se utilizam das próprias estruturas legais dos governos para mascarar condutas indevidas.

Segundo o relatório, a corrupção movimenta cerca de US$ 40 bilhões por ano no mundo. O estudo também investigou os caminhos pelos quais o dinheiro é desviado dentro de mecanismos financeiros legais e revelou as falhas do sistema bancário e corporativo que é utilizado como fachada para crimes de lavagem de dinheiro e corrupção.

Maluf e Daniel Dantas integram a lista dos mais corruptos do mundo

Numa pesquisa rápida no banco de dados é possível encontrar nomes  conhecidos do público brasileiro como o banqueiro Daniel Dantas e Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo. Dantas é citado pelo caso do Grupo Opportunity, em 2008, quando teve US$ 46 milhões bloqueados em contas do Reino Unido e foi condenado por corrupção na tentativa de suborno de US$ 1 milhão para que um investigador desistisse das acusações contra ele, sua irmã e sócia, Veronica Dantas, e seu filho.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Auditoria Cidadã da Dívida": O círculo vicioso do endividamento. Governo tomará empréstimo do Banco Mundial para prevenir desastres

Quarta, 19 de janeiro de 2011
Artigo publicado em "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Portal G1 mostra que o governo tomará um empréstimo de US$ 485 milhões (R$ 800 milhões) junto ao Banco Mundial para prevenção de desastres causados pelas chuvas no Estado do Rio de Janeiro. Ou seja: mais uma vez, observa-se o círculo vicioso da dívida, que leva o Brasil a recorrer a mais um empréstimo internacional para obter um volume de recursos equivalente a 18 horas de pagamento da dívida pública federal.

Além do mais, empréstimos do Banco Mundial sempre vêm acompanhados da recomendação de determinadas políticas, conforme mostra a notícia do G1. O Banco Mundial ofereceu ao Brasil sua “experiência” em gestão de desastres, que já mostrou seus “resultados” em países como o Haiti.

Sobre o Haiti, outra notícia do Portal G1 mostra que o ex-ditador Jean-Claude Duvalier (apelidado de “Baby Doc”) retornou ao país depois de 25 anos de “exílio” na França e foi detido para responder por desvio de recursos públicos . “Baby Doc” também é acusado de milhares de casos de tortura e assassinatos.

Sobre este tema, cabe ressaltar que no período de ditadura dos Duvalier (1957-1986), a dívida externa do país se multiplicou por mais de 17 vezes, para financiar este regime despótico, ilegítimo e criminoso, que se apropriou e enviou ao exterior ilegalmente grande parte dos recursos públicos haitianos.

As riquezas do Brasil também são enviadas ao exterior, por meio de legislação recente que permitiu aos exportadores manterem no exterior as receitas em dólares obtidas por suas vendas externas. A Folha Online mostra que os exportadores estão se aproveitando disto para especular, trazendo tais recursos para o país como se fossem estrangeiros. Cabe ressaltar que isto lhes garante vantagens, como a isenção de Imposto de Renda sobre aplicações em títulos da dívida interna, instituída pela Medida Provisória 281, convertida na Lei 11.312/2006.

Por fim, o jornal Estado de São Paulo noticia a declaração do Ministro das Relações Exteriores de compromisso com a aprovação, no Congresso Nacional, do acordo feito com o Paraguai há um ano e meio atrás, para o aumento em US$ 240 milhões do pagamento anual pela energia comprada do nosso país vizinho. No entanto, a maior parte dos recursos recebidos pelo Paraguai (pela venda de sua parte da energia ao Brasil) acaba permanecendo no próprio Brasil para servir de pagamento da dívida referente à construção da Usina de Itaipu.

Sobre este tema, cabe comentarmos que, no final de 2010 tal dívida foi declarada como ilegal pela Controladoria Geral da República do Paraguai, após iniciar uma auditoria sobre esta dívida. Portanto, esta dívida deveria ser anulada pelo Brasil, porém, o governo brasileiro apenas propõe aumentar em US$ 240 milhões por ano os pagamentos ao Paraguai, o que representa apenas um terço dos juros pagos pelo nosso país vizinho. Ou seja: este acordo não soluciona a questão da dívida.

A notícia do jornal Estado de São Paulo ainda mostra que “o governo Dilma não pretende pressionar os parlamentares para que a revisão tarifária seja aprovada rapidamente.” É importante relembrar que, no ano passado, o então Presidente da Câmara, Michel Temer (agora Vice-Presidente da República) acatou requerimento do DEM solicitando que o assunto fosse discutido por mais uma comissão, o que levou à criação de uma Comissão Especial, atrasando o processo.
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