Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Espírito de Natal

Natal, 25 de dezembro de 2009
Natal é época em que fica mais sensível nas pessoas o espírito de solidariedade, da piedade, do amor ao próximo. Mas tenho cá minhas dúvidas de tudo isso quando se trata de mensaleiros e de financiadores de mensaleiros, dos ladrões do dinheiro público. Como está neste período a consciência das autoridades e empresários que participam do assalto aos cofres do povo?

Estariam tais ladrões com alguma dor na consciência, com algum remorso, ao lembrar que os milhões e milhões roubados causaram centenas de mortes pela falta do remédio, do médico, do auxiliar de saúde, do equipamento, de material nos hospitais públicos? Que provocaram o aumento da criminalidade, em razão dos recursos que não chegaram à polícia e à Justiça para o combate e a punição ao crime, às drogas? Alguma preocupação com o caos do serviço público de transporte urbano? Com as deficiências e carências da escola pública, que penalizam o filho do trabalhador comum?

Não, nem dor na consciência e nem remorso. Quem rouba o dinheiro do povo certamente não tem qualquer dor de consciência. O que tem é mau-caratismo, a sensação de que se tornou mais rico, e por isso mais poderoso. E enquanto não for julgado pelos seus crimes, melhor, não for filmado em seus crimes, sua consciência estará tranqüila, continuará “dormindo bem e sem perder noites de sono”. Só descobrirá que tudo aquilo de corrupção que praticou e do mal que fez ao seu povo não valerá um tostão, um miligrama de felicidade, ao se encontrar diante do Julgamento Daquele que nasceu numa manjedoura em Jerusalém no dia 25 de dezembro. Nessa hora, a do julgamento, não adiantará mais orações, muito menos a Oração dos Corruptos.