Terça, 3 de junho de 2012
Da Redação da Agência Senado
Mau tempo em Montevidéu, capital do Uruguai e do Mercosul. Chuva, 
vento e uma temperatura de 7 graus. O tempo também fechou na sessão do 
Parlamento do Mercosul (Parlasul), onde o principal tema era a situação 
do Paraguai, que teve seus direitos políticos suspensos por decisão 
tomada na última semana pelos demais três parceiros do bloco: Argentina,
 Brasil e Uruguai.
O tema também não era consenso na bancada brasileira, que, em função 
da chuva e da neblina na capital uruguaia, não pôde se fazer presente 
com a delegação prevista. Alguns dos voos que traziam parlamentares na 
noite de domingo e madrugada de segunda-feira (2) tiveram que retornar a
 São Paulo e Porto Alegre.
Segundo o presidente da representação brasileira, senador Roberto 
Requião (PMDB-PR), o Brasil não poderia repetir o erro do Congresso 
paraguaio, que afastou de forma sumária o presidente Fernando Lugo sem 
lhe dar direito de defesa.
Argentina e Uruguai
Antes mesmo de o Brasil expressar sua posição, o clima de impasse já 
estava instalado na sede do Parlamento do Mercosul, às margens do Rio da
 Prata. A bancada argentina não se fez presente. Oficialmente, alegaram a
 existência de um problema de ordem interna em torno da divisão das 26 
cadeiras que aquele país possui no Parlasul. O Senado argentino defende a
 divisão em partes iguais com a Câmara dos Deputados e esta acredita que
 o mais certo é ela indicar mais deputados do que os senadores. 
Extraoficialmente, correram informações de que o governo argentino havia
 recomendado a ausência de sua bancada já como forma de aplicar, na 
prática, as sanções políticas aprovadas em Mendoza, durante a cúpula de 
chefes de estados do Mercosul.
A ausência dos argentinos foi o sinal para que a bancada 
situacionista uruguaia, já presente no Parlasul, se retirasse. Sem os 
argentinos e apenas com a bancada de oposição do Uruguai a sessão do 
Parlamento do Mercosul não pode se instalar. O regimento da casa obriga a
 presença de pelo menos um representante de cada país membro, para que 
ela possa se instalar. Resultado: sessão suspensa.
A bancada brasileira se insurgiu contra a situação. O senador Roberto
 Requião acusou a existência de interferência das chancelarias da 
Argentina e Uruguai sobre seus parlamentares e lembrou que pelo 
regimento interno do Parlasul, este é independente e autônomo, 
representando os povos do bloco e não os governos dos blocos.
- As chancelarias podem convocar seus diplomatas, mas não os 
parlamentares. Esta casa é um Parlamento e querem transformá-la num 
‘calamento - disse. Diversos parlamentares, brasileiros e paraguaios 
lembraram que a solução para o impasse necessariamente passará pelo 
dialogo e que o local mais adequado para as conversações é o Parlamento 
do Mercosul.
O balanço final da conjuntura do Parlasul, nesta segunda-feira (2) é 
de indefinição quanto à permanência dos  paraguaios, quanto ao próprio 
futuro do Parlamento do Mercosul, que desde a posse da presidente Dilma 
Roussef só conseguiu realizar uma sessão. Para Requião, não há interesse
 por parte dos executivos argentino, brasileiro e uruguaio na existência
 do Parlasul nem na chamada diplomacia parlamentar.
Chico Sant’Anna / TV Senado
 
 
 
