Sábado, 21 de
dezembro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Tentar ganhar, todos os principais
candidatos a governador do Estado vão tentar. Um deles conseguirá,
naturalmente. Dizer que tentarão ganhar no primeiro turno, todos eles poderão
dizer, mas com a íntima convicção de que quase certamente estarão extrapolando
a realidade e anunciando intenções do plano da fantasia.
Pelo que está posto, os principais
candidatos à sucessão do governador Jaques Wagner são o secretário da Casa
Civil, Rui Costa, do PT, a senadora Lídice da Mata, do PSB e o candidato que
for escolhido para representar a coligação que tem como principais componentes
o Democratas, o PMDB e o PSDB.
O que está faltando aí é escolher quem
será o candidato desse terceiro grupamento, sabendo-se que, no momento, há
múltiplas, persistentes e intensas afirmações de que essas legendas e os
partidos coadjuvantes na coligação (pode ser uma coligação de oito partidos, se
vingar o cálculo publicamente feito pelo prefeito ACM Neto) estarão unidos já
no primeiro turno das eleições para governador.
No momento, o político desse aglomerado
partidário com desempenho muito à frente de aliados e adversários nas pesquisas
eleitorais é o prefeito da capital, mas ACM Neto descarta com tanta ênfase a
hipótese de que possa vir a ser candidato que temos de aceitar suas afirmações
como uma realidade e não mera tática política. Excluído ele, passa ao primeiro
lugar nas pesquisas o ex-governador Paulo Souto, do Democratas, partido que, na
Bahia, com as prefeituras da capital e de Feira de Santana e bancadas de
deputados representa a maior força da oposição, digamos, tradicional, ainda que
não seja tão tradicional assim na Bahia.
O
problema aí é que Paulo Souto não nega nem admite ser candidato a governador.
Ele se esmera em deixar as coisas em dúvida e em dúvida é como elas estão.
Talvez queira mais tempo e informações ainda não disponíveis do cenário
político-eleitoral para se decidir. Comportamento contrário tem a principal
liderança do PMDB da Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Com desempenho
satisfatório nas pesquisas (reservadas), ele proclama que quer ser candidato,
sim, embora não faça de si mesmo a única opção. Aceita apoiar outro e já citou
nominalmente Paulo Souto.
O
PMDB é importante por alguns motivos, entre eles o tempo de propaganda
eleitoral em rádio e tevê que poderá agregar à coligação. O PSDB contenta-se,
na verdade, em indicar o candidato a vice-governador na chapa. Mas se Geddel
quiser ser o candidato a vice? Seria, presume-se hoje, uma chapa realmente
forte. O PSDB poderia ser convencido a abrir mão da vice, pois a coligação ou a
maior parte dela teria um candidato a presidente da República, Aécio Neves, que
é do PSDB. E isso é bom para os tucanos. E o candidato ao Senado? Bem, esse
importante detalhe esteve sempre obscuro na coligação DEM-PMDB-PSDB e outros, e
mais obscuro parece ter ficado com a entrada de Eliana Calmon no jogo.
Difícil
imaginar que Eliana Calmon, com a pequena estrutura que lhe dão o PSB e a Rede Sustentabilidade,
consiga ir buscar muitos votos nos “grotões podres”, como os chamava Tancredo
Neves. Mas na capital e nas grandes e médias cidades – mesmo com pouco tempo de
propaganda em rádio e tevê – sua campanha de ontem contra a corrupção, a
negligência e a ineficiência no Judiciário e sua campanha de agora
especialmente contra a corrupção, podem ser muito atrativas para o eleitorado.
Já tem, no entanto, um concorrente de reconhecida envergadura política, o
ex-governador e atual vice-governador Otto Alencar. E outro nome ainda virá,
representando a coligação liderada pelo DEM, PMDB e PSDB.
Quanto
a Lídice e sua declaração de que tentará ganhar no primeiro turno, há que dizer
que isso, na perspectiva de hoje (a perspectiva pode mudar, há que ver como evolui
o processo da sucessão presidencial) é apenas esforço para estimular militantes
e admiradores.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.