Segunda, 23 de dezembro de 2013
Do MPF
Agentes tentaram entrar em boate sem pagar, sacaram arma de fogo e prenderam o dono e dois seguranças da casa noturna
O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma
ação de improbidade administrativa contra os agentes da Polícia Federal
Fábio Falcone Onety, Bernardo Caetano Schuster e Marc da Hora Marechal. A
acusação é de que eles tentaram dar “carteirada” em uma casa noturna em
Porto Velho – sem pagar entrada – e suas condutas assumiram “proporções
absolutamente alarmantes”.
Consta na ação que em maio deste ano
os policiais federais tentaram entrar sem pagar em uma casa noturna de
Porto Velho, alegando que estavam em serviço. O dono do estabelecimento
argumentou que eles não aparentavam estar a trabalho, pois estavam
embriagados, um deles trajava bermuda e chinelos e não mostraram nenhuma
ordem de missão.
Sentindo-se desrespeitados com a negativa do
ingresso gratuito, os policiais federais deram voz de prisão ao
proprietário. Seguranças do estabelecimento tentaram impedir a prisão,
mas um dos policiais sacou uma arma. Por fim, o proprietário e dois
seguranças da boate foram presos. Os frequentadores do estabelecimento
reclamaram da atitude dos policiais e ouviram dos agentes que também
seriam presos por desacato.
Para o MPF, “ainda que os policiais
estivessem mesmo em serviço, eles se excederam de forma desproporcional e
irrazoável; chegando ao extremo de sacar arma de fogo e a apontá-la na
direção de outras pessoas, além do que estavam sob a influência de
álcool”.
A ação aponta que os policiais federais desrespeitaram
normas e princípios que norteiam a atividade policial e o serviço
público. O MPF pede que os três agentes sejam condenados à perda do
cargo, suspensão de direitos políticos, multa e a outras penalidades
previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
Carteiradas
- O uso do cargo público para ingressar em casas noturnas sem pagar
entrada foi tema de uma recomendação do MPF à Polícia Federal, à
Penitenciária Federal de Porto Velho e a estabelecimentos noturnos de
entretenimento. A recomendação buscou coibir os abusos. Conforme
apuração do MPF, a carteirada estava tão corriqueira que os agentes
públicos passaram a querer entrada livre também para seus acompanhantes e
consumo de bebidas e comidas sem pagar.
Além da recomendação, o
Ministério Público Federal também produziu um cartaz explicativo sobre a
prática irregular da carteirada e fez reunião com os proprietários de
estabelecimentos noturnos de Porto Velho, com o propósito de
orientá-los.
Para o procurador da República Reginaldo Trindade,
autor das medidas, “a Polícia Federal presta serviço relevante demais ao
país para ter seu nome vinculado a condutas tão inadequadas. No caso
específico, os agentes queriam entrar sem pagar; haviam ingerido bebidas
alcoólicas, conforme vários depoimentos colhidos; sacaram arma de fogo,
colocando em risco a vida das várias pessoas que estavam na boate para
se divertir; ficaram desafiando os seguranças do local e, ainda, quando o
dono e dois de seus empregados estavam presos na Superintendência da
Polícia Federal, passaram a ridicularizá-los e a ameaçá-los, dizendo
que, se fosse no Rio de Janeiro, seria diferente. Ou seja, agiram de
forma divorciada daquela imposta pela dignidade e decoro dos seus
cargos”.