Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 30 de outubro de 2021

ESTÁ CURTINDO O HALLOWEEN?

Sábado, 30 de outubro de 2021


Você também levou sua filha (seu filho) para a festa de "rala-o-in" (halloween)?

Que pena!

Por que somos levados a ver sufocada a nossa cultura, esquecidas as nossas tradições? 

Cada um e cada uma de nós sequer parece perceber quando contribui em nossa própria fala para que nossa língua seja aos poucos (ou com mais intensidade) substituída pelo inglês. 

Às vezes nem é realmente inglês, mas o que nos parece ser.

Black friday, blush, budget, breakfast, briefing, brunch, byke, call, case, check-in, check-out, coffee, deadline, design, diet, DJ (djei), download, drive thrue, e-book, e-mail, establishment, face time, fake news, fast food, flash, freezer, gay, golden shower, happ hour, home, home office, hot, hot dog, job, jumping, kid, kit, lap top, lawfare, light, link, live, marketing, meeting, mindset, mouse, mouse pad, nobreak, notebook, off-line, off-road, on, online, pen drive, pet, podcast, point, post, print, QR Code, recall, rent-a-car, sale, shopping, short, shot, show, score, site, smart phone, spot, stand by, start, teaser, think tanks, top, underline, up, vibe, webcam, WiFi.

Quais dessas palavras seria de fato preciso usar para sermos entendidos por brasileiros?

Não se engane. As mudanças na linguagem não vêm sozinhas.

É uma perda de valores culturais. 

Nossos filhos e filhas (ou nós mesmos) já não lembramos ou sabemos o que significam o saci, a mula sem cabeça, iara, iemanjá, caipora, curupira, boto cor de rosa, negrinho do pastoreiro, cuca, boitatá, lobisomem.

Com as palavras vão embora o bumba meu boi, a folia de Reis, o maracatu, a catira, o baião.

Há o que se sustente pelo que representem de faturamento, inclusive com os turistas estrangeiros. Mas imagino que ainda esteja dedilhando este teclado quando desaparecerem ou já não forem sobra de nossas tradições as festas junina e o carnaval.

Quem sabe pensamos nisso ao incentivamos "comemorações" como o Halloween?

Fernando Tolentino

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Fernando Tolentino é jornalista e administrador