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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Movimentos se reúnem em ato para defender permanência do projeto Jovem de Expressão; Ceilândia, DF

Terça, 19 de outubro de 2021
Abraço simbólico em volta do Galpão Cultural - Foto: Roberta Quintino

Em defesa do espaço cultural, foi aprovada uma vigília cultural de 24 horas para a próxima sexta-feira (22).

Roberta Quintino
Brasil de Fato | Brasília (DF) 

Com música, poesia e um abraço simbólico em volta do Galpão Cultural do Jovem de Expressão, na Praça no Cidadão, em Ceilândia, centenas de pessoas participaram na sexta (15) de uma assembleia popular em defesa da permanência do espaço que abriga sala de dança, galeria de arte, espaço para reuniões, palestras, aulas, terapias e várias outras atividades para a população.

Com a ameaça de reintegração do espaço pela Administração Regional da cidade, diversas atividades de promoção à cultura e educação poderão ser encerradas.

A Administração informou que a Praça possui cinco prédios: dois são da Farmácia de Alto Custo, um da Agência do Trabalhador e dois do Projeto Jovem de Expressão. Segundo a instituição, um dos prédios do Projeto estaria “relativamente ocioso” e, desta forma, “a Farmácia de Alto Custo solicitou a ocupação de um dos prédios para a ampliação do serviço de entrega de medicamento”.

O pedagogo e coordenador do Jovem de Expressão, Max Maciel, disse que o ataque ao Jovem de Expressão é um ataque à juventude preta, periférica que luta todo dia.

“É um ataque ao Mercado Sul, ao Galpão do Riso, Cio das Artes, é um ataque daquele que está tentando ser parte da solução de um Estado omisso na cidade. De um Estado que não pensa a cidade para as pessoas. A única lógica que eles entendem sobre periferia é a gente acordar cedo, pegar um baú lotado para servir de mão de obra pra eles e vir pra cá e ficar calado. Mas nós não vamos ficar calados” disse Maciel.

De acordo com o pedagogo, “a luta agora não é só sobre o Jovem de Expressão. A gente quer que se abra um debate público no Distrito Federal para que se regulamente e qualifique todos os equipamentos culturais ocupados” na cidade.

“Só tem uma saída hoje pro governo do Distrito Federal e para a Administração de Ceilândia, ou eles vêm com um caminhão e a polícia e arranca nós daqui ou eles dão esse espaço físico para nós. O Jovem de Expressão fica”, afirmou o coordenador.

A cantora Rebeca Realleza falou sobre as experiências vividas no local, das formações e apresentações que fez na Praça do Cidadão. “É esse espaço que forma várias realezas, é uma galera que está jogada e que ninguém olha, mas esse espaço acolhe, abraça, dá oportunidade e prepara a gente pra voar pro mundo”.

“O que o Estado quer é ver o jovem, a mulher preta, a pessoa LGBTQIA+, o morador de rua silenciado, apagado. Mas a gente tá aqui pra dizer que existe vida nesse lugar, é arte, cultura, acesso” disse a cantora.

O militante do Levante Popular da Juventude, Rafael do Amaral, disse que a “Ceilândia é resistência desde sempre” e que a população da cidade vai lutar contra o desmonte da cultura na cidade.

Segundo Rayane Soares, coordenadora do projeto, a Administração Regional da cidade quer silenciar a “expressão da juventude”. Para Paique Duques, do Movimento Passe Livre (MPL), o direito à cidade é uma luta muita antiga que confronta a política de especulação imobiliária.


A atividade contou com o apoio de diversas organizações e movimentos / Foto: Roberta Quintino

A atividade contou com o apoio da organização Brigadas Populares, do Coletivo Mercado Sul, Frente das Mulheras Negras do DF, Levante Popular da Juventude, Movimento Passe Livre (MPL), Movimento Popular por uma Ceilândia Melhor (Mopocem), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), além de artistas e representantes de outras entidades.

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Edição: Márcia Silva