Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 17 de setembro de 2022

Libertadoras mexicanas

 Setembro

17
Libertadoras mexicanas

E acabou-se a festa do Centenário, e todo esse lixo fulgurante foi varrido.

E explodiu a revolução.

A história recorda os chefes revolucionários Zapata, Villa e outros machos muito machos. As mulheres que viveram em silêncio, foram para o esquecimento.

Algumas poucas guerreiras se negaram a ser apagadas:

Juana Ramona, a Tigresa, que tomou várias cidades de assalto;

Carmen Vélez, a Generala, que dirigiu trezentos  homens;

Ângela Jiménez, mestre em dinamite, que dizia ser Ângel Jiménez;

Encarnación Mares, que cortou as tranças e chegou a ser subtenente escondendo-se debaixo da aba do chapelão, para que não se veja a mulher em meus olhos;

Amélia Robles, que precisou ser Amélio e chegou a coronel;

Petra Ruiz, que precisou ser Pedro, a que mais bala mandou para abrir as portas da cidade do México;

Rosa Bobadilla, fêmea que se negou a ser homem e com seu nome lutou mais de cem batalhas;

e Maria Quinteras, que tinha feito pacto com o Diabo e não perdeu uma única batalha. Os homens obedeciam suas ordens. Entre eles, seu marido.

Eduardo Galeano, no livro Os filhos dos dias (Um calendário histórico sobre a humanidade), 2ª Edição, L&PM Editores, 2012, página 297)
=========

Leia também: 

Baile de máscaras