Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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terça-feira, 11 de abril de 2017

DE GHOST WRITERS E DE PRESIDENTES

Terça, 11 de abril de 2017



Por  
http://www.maurosantayana.com/
Operário da palavra, como se dizia antigamente, tive, na minha vida profissional, e, principalmente, política, a oportunidade de colaborar com alguns presidentes da República, todos honrados e patriotas, graças a Deus.

Na maioria das vezes o fiz na condição de "ghost writer", mas como os "fantasmas", mesmo que eventualmente se divirtam, devem ser preferencialmente discretos, não esperava agora nesta minha vestustíssima idade, ser citado seis vezes, quase sempre devido a essa condição, nas memórias de outro ex-presidente, com o qual tive a honra de não trabalhar quando ocupava o comando do executivo, em um governo no qual, segundo estatísticas do Banco Mundial, o Brasil andou para trás, do ponto de vista de PIB nominal, salário mínimo e renda per capita, em dólares, e muitíssimo mais no âmbito da erosão da soberania, da desnacionalização da economia e da subalternidade geopolítica.

segunda-feira, 9 de março de 2015

NACIONALISMO E PETRÓLEO

Segunda, 9 de março de 2015







Wladmir Coelho


A campanha contra a Petrobras revela em seus fundamentos uma série de preconceitos repetidos desde o final do século XIX. Estes preconceitos apresentam-se nos meios de comunicação revestidos de números, exemplos e vocabulário refinado sempre condenando as iniciativas nacionalistas confundidas ou transformadas em populismo entendido este como sinônimo de irresponsabilidade política e econômica.

O vocabulário e as práticas econômicas defendidas na grande mídia originam-se do pensamento liberal radicalizado no modelo neoliberal de nossos dias. Neste discurso é negada a existência de um sistema econômico nacional e considerado pecado mortal a intervenção do Estado na economia.

Nacionalismo econômico

No século XIX o economista alemão Friedrich List observou como mola do crescimento econômico dos Estados Unidos exatamente a forte presença do Estado na economia seja subsidiando ou protegendo a iniciativa nacional. List, ao contrário dos liberais clássicos, entendeu e defendeu a existência do sistema econômico nacional como base do crescimento econômico.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O Brasil e a Petrobrás

Terça, 16 de dezembro de 2014
Adriano Benayon * - 15.12.2014
1. O Brasil vive batalha decisiva de sua História: a da sobrevivência da Petrobrás como empresa nacional. E isso com qualquer resultado, pois a eventual derrota poderá ser o marco, a partir do qual o povo brasileiro resolva partir para o basta e reverter o lastimável processo dos últimos 60 anos em que praticamente só acumula derrotas do ponto de vista estrutural.
 
2. Principalmente desse ponto de vista, porque, mercê da estrutura que se formou na Era Vargas, ainda foram colhidas - por muito tempo e até os dias de hoje - grandes vitórias em termos de desenvolvimento de tecnologia e capacidade produtiva no País.
 
3. O progresso estrutural do Brasil ocorreu, até 1954, não apenas em função de investimentos do Estado, mas também por ter este agido como promotor da indústria privada, tendo, antes daquele ano fatídico, surgido firmas nacionais de ótima qualidade, algumas das quais já se tinham tornado grandes.
 
4. Essas foram as primeiras e grandes vítimas do modelo de dependência financeira e tecnológica adotado desde 1955 e no quinquênio de JK, quando o Estado, foi usado como promotor da desnacionalização da indústria, o que gradualmente levou à da dos demais setores da economia.
 
5. Os governos militares (1964-1984), embora se tenham submetido às regras e imposições do sistema financeiro mundial - criaram estatais importantes, como a EMBRAER, em 1969, possibilitada pela criação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em 1946, e do InstitutoTecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1950.
 
6. A EMBRAER foi uma das inúmeras grandes estatais criminosamente privatizadas pela avalanche de corrupção dos anos 90, que atingiu também a TELEBRÁS, fundada em 1972, a qual igualmente gerara excelentes resultados em produções realizadas com tecnologia nacional, e foi  totalmente esvaziada pelas concessões entreguistas  do sistema de telecomunicações.
 
7. Em 1990, Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto direto – de resto,  mediante incríveis manipulações, negadoras da essência da democracia – encaminhou a Lei de Desestatização, juntamente com denso pacote de legislação antibrasileira, formulado em Washington e meteoricamente aprovado pelo complacente Congresso.
 
8. Interessante que os governos militares – não só haviam mantido as estatais da Era Vargas - mas criaram várias outras. Entretanto, os indivíduos  ideologicamente amestrados atribuem comunismo ou esquerdismo aos que, em favor do desenvolvimento, reconhecem  a importância de empresas e de bancos estatais.
 
9.  Se não estivessem mentalmente controlados pelo sistema de poder mundial veriam que as estatais, além do que realizam diretamente, são fundamentais para viabilizar, ao abrir concorrências,  encomendas e financiamento a empresas privadas nacionais, que, com isso, geram empregos qualificados e elevam o padrão tecnológico do País.
 
10. Ademais, acabar com as estatais significa deixar à mercê dos carteis e grandes grupos privados o grande espaço estratégico – como é o caso da indústria do petróleo e derivados – inevitavelmente ocupado por empresas de grande porte, nos quais a dimensão inviabiliza a concorrência honesta entre empresas privadas.
 
11. Antes de explicar por que a corrupção não é inerente à natureza das estatais – ao contrário do que imaginam os impressionados pelos inegáveis escândalos de corrupção que têm assolado a Petrobrás – convém lembrar a incoerência dos que se escandalizam com a brutal concentração de renda, cada vez mais acentuada em todo o mundo, e propõem privatizações, cujo efeito tem sido tornar a concentração econômica ainda mais aguda e sociamente insuportável.
 
12. De fato, todos estão tendo acesso a informações de que, neste mundo de sete bilhões de habitantes, pouco mais de cinquenta grupos financeiros controlam praticamente todas as transnacionais em atividade no Planeta. Fosse isso pouco, o analista da moda, Thomas Piketty, tem observado que  a concentração de riqueza tem sido grandemente subestimada,  mesmo nos países sedes da oligarquia financeira mundial.
 
13. E por que foi implantada a corrupção na Petrobrás? Porque a estrutura de poder político já se tornara dominada pelos interessados em desmoralizá-la e eventualmente privatizá-la e/ou liquidá-la. Amiúde, o primeiro passo dos agentes imperiais é minar e desmoralizar a administração estatal, para justificar a privatização.
 
14 De fato, a corrupção foi intensificada durante governos aqui instalados (Collor e FHC) com o projeto de tornar definitivo e irreversível o atraso do Brasil e sua submissão aos centros de poder mundial, na vil posição de fornecedor de recursos naturais, presidindo a abertura de buracos no lugar das estupendas reservas de minerais estratégicos e preciosos, sem que isso sequer impedisse o crescimento vertiginoso dos déficits de comércio exterior e do endividamento público.
 
15. A desnacionalização predadora não começou com os dois que foram os primeiros eleitos sob o novo regime pretensamente democrático.  Mas eles fizeram profundas reformas na estrutura de mercado –  com o usual beneplácito do Congresso - para torná-la ainda mais  talhada de acordo com os interesses dos carteis transnacionais.  E o PT não fez reverter essa tendência.
 
16. Em relação à Petrobrás, FHC promoveu a aprovação da Lei 9.478, de 06.08.1997,  que eliminou, na prática, a norma constitucional do monopólio da União na  produção,  refino e transporte do petróleo, não formalmente revogada.
 
17. Essa lei permitiu, assim, a exploração de imensas jazidas descobertas pela Petrobrás na plataforma continental,  por carteis transnacionais, liderados pelas gigantes empresas angloamericanas - que,  há mais de um século,  têm preponderado no produto de maior expressão no comércio mundial.
 
18. Ademais, dita Lei criou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) no esquema de esvaziar a administração do Estado, terceirizando-a para  agências ditas públicas, dotadas de autonomia e postas sob a direção de executivos e técnicos ligados à oligarquia financeira angloamericana.
19. Um desses, genro de FHC, David Zylberstajn, foi nomeado diretor-geral da ANP. Como lembrou o engenheiro Pedro Celestino Pereira, em excelente artigo, teve início, sob o comando de Zylberstajn,  ”o leilão das reservas de petróleo brasileiras, em modelo que não se aplica no mundo desde o primeiro choque do petróleo, permitindo à concessionária apossar-se do petróleo produzido, remunerando o Governo com royalties, ao invés de receber por prestação de serviços.” 
20. As constatações de corrupção nas encomendas da Petrobrás -  em inquérito da Polícia Federal, ainda não terminado -  estão servindo de tema para a campanha de desestabilização e impeachment da presidente da República, e também de argumento favorável à privatização.
21. Nenhum desses objetivos sustenta-se em bases justificadas, pois o autor da delação premiada tornou-se diretor da Petrobrás no governo de FHC, mentor do partido que se pretende beneficiar com a derrubada de Dilma Roussef ou sua transformação em títere completo do capital estrangeiro, o qual tem no PSDB seus principais serventuários locais.
22. Ademais, o delator Paulo Roberto Costa praticou, ele mesmo,  os crimes que denuncia,  em prejuízo do patrimônio público e em ofensa à moralidade da Administração, como também cometeram políticos de diversos partidos que têm exercido cargos diretivos na Petrobrás.
 
23. Paulo Metri, conselheiro do Clube de Engenharia,  reafirma ser indispensável investigação profunda na estatal.  Ressalva, porém, que a exposição antecipada de fatos  investigados pode ter tido por meta somente  derrubar as intenções  de votos pró-Dilma.  
24. Assinala que a presidente não tolheu as ações da Polícia Federal, nem tem um engavetador para sumir com os processos. Nota: alusão ao PGR de FHC, conhecido como  engavetador-geral da República.
 
25. Metri considera imprescindível punir, com rigor, os agentes públicos comprovadamente corruptos e também os esquecidos corruptores. Até porque, mais que o desvio de dinheiro, a corrupção com a Petrobrás atinge a auto-estima de que o País precisa para realizar seu projeto nacional.
 
26. Em relação à Petrobrás, é fundamental corrigir os vícios nela implantados e viabilizar seus investimentos, cuja enorme rentabilidade está assegurada em função das colossais descobertas que a estatal obteve na plataforma continental e no pré-sal. 
 
27. A  Petrobras – aduz  Metri - tem vencido  obstáculos, como extrair, de grandes profundidades e a distâncias da costa cada vez maiores, petróleo escondido abaixo de camadas incomuns, mercê de tecnologias especiais desenvolvidas  por técnicos da estatal.
 
28. A qualidade destes  depende da motivação e  de que não sejam preteridos por políticos em cargos de direção nem por terceirizados.
 
29. Celestino e Metri lembram que FHC elevou desmesuradamente o salário de gerentes e superintendentes, o que os fez, por demais, temerosos de perder seus empregos, e omissos em resistir contra decisões suspeitas, tal como ocorre com terceirizados. Ademais, FHC liberou a  Petrobrás de  cumprir a Lei de Licitações, apoiado por decisão do ministro Gilmar Mendes, no STF.
 
30. Não basta para reverter o descalabro, evitar que Dilma seja substituída por alguém mais propenso a aceitar as imposições imperiais. Há que dar passos na restauração da soberania nacional, ferida inclusive pela alienação, quase graciosa, de 40% das ações preferenciais da Petrobrás, após a promulgação da Lei 9.478/1997, e pelos leilões do petróleo da plataforma continental e do pré-sal, nos governos do PT.
* - Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

*Texto enviado pelo autor.
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Acesse http://www.desenvolvimentistas.com.br/blog/benayon/

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Retomar o cotrole da produção petrolífera brasileira

Segunda, 28 de abril de 2014
Do Blog Política Econômica do Petróleo


RETOMAR O CONTROLE DA PRODUÇÃO 

PETROLÍFERA BRASILEIRA


Wladmir Coelho

As denuncias de corrupção envolvendo dirigentes da Petrobras e autoridades da república revelam o tamanho da negligencia e irresponsabilidade de sucessivos governos em relação a política econômica do petróleo no Brasil.

Negligência iniciada durante a ditadura militar através da imposição do contrato de risco e ampliada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso que entregou o petróleo nacional aos oligopólios.
O governo Lula, apoiado na manipulação da história, manteve o modelo implantado por Fernando Henrique Cardoso e continuou o processo de desmonte da Petrobras escondendo-se no discurso pretensamente nacionalista e intervencionista.

O ex-presidente chegou a imitar o gesto de Getúlio Vargas erguendo a mão mergulhada em petróleo como símbolo do controle nacional do mineral. Entretanto a mesma mão presidencial que acenava para as fotos publicitárias assinou, em 2010, a lei 12.351 determinando a execução dos leilões de entrega do pré-sal aos oligopólios.

 Em 2013 a presidente Dilma Rousseff concluiu o projeto entreguista iniciado durante a ditadura militar realizando os infames leilões do pré-sal. O governo brasileiro, mais uma vez, manteve-se submisso aos interesses dos oligopólios gerando um prejuízo irreparável ao Brasil.

Esta submissão aos interesses dos oligopólios gerou uma legislação que submete a política econômica do petróleo nacional aos interesses de empresas que desde o século passado atuam de forma obscura em todo o planeta.

Desta forma o Brasil deveria iniciar um processo não somente de investigação da conduta ética dos dirigentes da Petrobras, mas um amplo debate a respeito da nacionalização da produção petrolífera nacional.

O modelo de exploração proposto e executado através da lei 12.351 de 2010 revela o seu caráter antinacional ao transformar a Petrobras em elemento financiador dos oligopólios aspecto agravado quando somado a conversão dos recursos desta exploração para um fundo especulativo.

A Petrobras não foi criada para “brilhar” nas bolsas de valores. Esta característica mercadológica, defendida por governantes neoliberais e oposicionistas da mesma linha ideológica, revela somente o desejo de abrir o controle da empresa ao capital internacional.

Na verdade o modelo de financiamento da produção petrolífera no Brasil precisa de uma análise profunda desvinculada de opções ideológicas que visam a lucratividade dos oligopólios. Este debate não pode permanecer nos parâmetros estabelecidos durante a ditadura militar, retomado durante o governo Fernando Henrique, ampliado durante os governos Lula e Dilma Rousseff.

Torna-se necessário redefinir o papel da Petrobras na política econômica do petróleo tornando clara a sua função de empresa nacional responsável pela exploração petrolífera e garantidora do abastecimento da matéria prima necessária à produção.

O modelo “oitava irmã”, planejado durante a ditadura militar, revela-se incompatível à missão histórica da Petrobras de rompimento com o modelo econômico de base colonial.

O debate de interesse do povo, apesar de todas as denuncias, ainda não foi iniciado. Infelizmente, estamos observando uma disputa entre governo e oposição neoliberal relativa a melhor forma de privatização total da Petrobras.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Contrabando de petróleo do pré-sal não pode ser legalizado

Domingo, 2 de fevereiro de 2014

CONTRABANDO DE PETRÓLEO DO PRÉ-SAL NÃO PODE SER LEGALIZADO

Wladmir Coelho
Do Blog Política Econômica do Petróleo


   Recebi do amigo Gilson Sampaio um link para a seguinte notícia: “ É ou não é um sucesso: Shell Grila o Pré-sal”.  Segundo informações da imprensa nacional e internacional a Shell do Brasil (durante o governo FHC a emenda nº6 – mantida e protegida nos governos seguintes -   concedeu a Royal Dutch Shell a condição de empresa brasileira) avança sua exploração para áreas ainda não leiloadas e reservadas ao controle direto do Estado.

   Em 2011 no livro Direito Econômico e Ação Estatal na Pós Modernidade (Editora LTR)  apontei – dentre outras características entreguistas – a possibilidade de controle de blocos sem a presença da Petrobras e livres dos leilões em função de uma manobra denominada INDIVIDUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO.
   No citado livro afirmo:

   “Esta condição de operador "único" [da Petrobrás] não pode ser confundida com "onipresença", podendo desaparecer considerando-se a possibilidade de individualização da produção, fato previsto quando uma jazida estende-se além do bloco concedido, obrigando a realização de um acordo mediado através da Agência Nacional do Petróleo; e deste, conforme o artigo 35 do citado projeto, a indicação de um operador, criando a possibilidade de inúmeros sub-blocos operados de modo independente àquele adotado nas áreas adjacentes de acordo com o parágrafo 2º do artigo 36 do projeto em questão.

   Utilizando desta possibilidade de expansão da área explorada a Shell e sua sócia a Total do Brasil, alegando que a natureza não respeita os limites artificiais de um bloco, depois da extração gratuita, sabe-se lá em quais quantidades, apela aos rigores da lei  e poderá ser premiada com mais um bloco.

   Temos neste ponto alertas importantes:

   1º - Como fica a situação do petróleo extraído e exportado de forma irregular?

  2º - Existem falhas nas medições oficiais do petróleo extraído do pré-sal?

  3º - Existem outras empresas apropriando-se indevidamente do petróleo brasileiro?

  A prática de contrabando de petróleo não é novidade,  todavia o Estado brasileiro além de conviver com esta prática criou os métodos necessários à sua legalização em prejuízo dos interesses nacionais.