Sábado, 25 de fevereiro de 2011
Trechos do
artigo “A questão terrível: uma UPP para a Polícia do RJ”, do sociólogo Léo
Lince, publicado no Correio da Cidadania:
No primeiro
bombardeio ao Complexo do Alemão, em 2007, o jornal do sistema
"Globo" cuidou de exaltar um modelo de policial na "guerra
contra o crime organizado". Uma foto enorme na primeira página, relógio de
grife, entre baforadas de charuto cubano, mostrou aquele que, segundo o jornal,
"tem tudo para se tornar o símbolo da guerra não convencional que já
soma 44 mortos, 19 num só dia: o Inspetor Trovão". Vocação de
guerreiro que aspira lutar no Iraque, ou em Gaza, e se exercita na prática do
"tiro ao pato" nos becos da favela. Vaidoso, tênis de marca, farda
diferenciada, capacete e visual de filme americano, ele pousa entre cadáveres
espalhados. Um herói da luta contra o crime!
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Pois bem, o
Inspetor Trovão estava lá. E, pelo que começa a se definir nas escutas da
Operação Guilhotina, estava "garimpando" dinheiro, droga e armas para
repassar para outros traficantes de áreas mais tranqüilas. Ganhar muito
dinheiro e, na certa, exercitar mais uma vez o "tiro ao pato". O
herói da luta contra o crime da primeira página de "O Globo" agora
está preso, entre outros, como o delegado que foi braço direito do Chefe da
Polícia e transitou para o comando do Choque de Ordem da prefeitura do Rio.
Afinidades eletivas, atividades afins.