Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

SindSaúde diz que não aceita ser tratorado por Agnelo

Quinta, 30 de junho de 2011
Servidores da saúde diz que Agnelo não cumpre compromissos com a categoria. Leia a seguir nota do SindSaúde
 

NOTA EM RESPOSTA ÀS ATITUDES DO GDF SOBRE A GREVE DOS SERVIDORES DA SAÚDE

Questões pessoais


Já que o governo está tentando dizer que a greve é pessoal - motivada por interesses particulares e centrada em  arranjos políticos -  na tentativa de minimizar sua importância, vou falar de acontecimentos pessoais para tentar explicar o que realmente está acontecendo  à imprensa, à sociedade em geral e ao governo.

Trabalhei muito na campanha para que nosso governador fosse vitorioso, por ser do PT e por acreditar que os servidores da saúde viveriam dias melhores com a chegada dele ao poder. Também fui candidato e sonhei em assumir o posto de deputado distrital e poder trabalhar para melhorar a situação da nossa categoria e da saúde pública do Distrito Federal.

 Fui eleito quarto suplente de deputado pelo PT e quando fui questionado pela categoria sobre a greve, manifestei inúmeras vezes minha opinião de que a negociação seria o melhor caminho. Inclusive, fui duramente criticado por meus companheiros servidores da saúde que entenderam minha posição como sendo apoio indiscriminado ao governo.

Antes da paralisação, mais especificamente na segunda-feira (27/6), dia da assembleia geral com indicativo de greve, percebi a insatisfação da categoria em relação à proposta feita pelo governo aos servidores e não me furtei em apoiar o movimento grevista. Que sindicalista seria eu se me posicionasse contrariamente à greve defendida por praticamente toda a categoria?

Essa greve é dos servidores da saúde! E eu assino embaixo dela desde que foi aprovada na assembleia. A democracia funciona assim. E se querem saber, eu continuo acreditando no governo do PT! Acho que vamos encontrar uma forma de reconstruir a saúde pública e de valorizar o servidor da saúde.

Portanto, quero deixar claro que os meus interesses não estão em jogo nessa greve, e sim, os interesses de milhares de famílias que possuem apenas o salário pago pelo GDF para seu sustento.



O trator do governo

Agora, vamos falar também das atitudes do governo em relação à nossa greve. O governo está querendo mostrar sua FORÇA logo em cima dos mais fracos e, para isso, tem usado o dinheiro público para colocar anúncios ameaçadores na televisão. Isso é atitude de governo democrático? O GDF não pode deixar a raiva permear suas decisões porque a nossa categoria já está bastante fragilizada.

 Será justo colocar o TRATOR do ESTADO para passar por cima dos servidores da saúde mais humildes, dos que mais sofrem, dos que seguram a “barra da saúde pública” caótica? Os servidores da saúde são as maiores vítimas nesse contexto e nunca se posicionaram contra a negociação. Na realidade, tudo que esperam é que o GDF cumpra os compromissos assumidos durante a campanha.

 Desde a terça-feira, 28/6, o GDF intensificou a pressão junto a alguns veículos de comunicação para que relatem os fatos pela ótica do patrão, que é o governo. E sabemos que alguns desses veículos só sobrevivem com as verbas publicitárias liberadas pelo GDF. Mas apelamos, aqui, ao senso de justiça dos editores desses jornais e dos repórteres para que também transmitam à sociedade o sofrimento de uma categoria de trabalhadores esquecida, discriminada e tratada como invisível.



Servidores vulneráveis

Os servidores da saúde são a parte mais vulnerável nessa negociação. Eles recebem baixos salários (o salário médio da categoria está entre R$ 700 e R$ 1.200). Alguém acha possível que uma família viva dignamente em Brasília com R$ 700? Essa é a dura realidade de sofrimento desses servidores públicos, que deveriam ser tratados como herois da saúde.

 Eles trabalham submetidos a péssimas condições de trabalho. Muitas vezes precisam carregar pacientes nas costas, quando os elevadores quebram. Alguns são agredidos verbal e fisicamente por pacientes insatisfeitos com a demora no atendimento médico. Não é raro ver servidores gastando do pouco salário que ganham para comprar material, equipamentos ou medicamentos que estão em falta, porque não conseguem ver o sofrimento dos pacientes e ficar de braços cruzados. Os servidores da saúde são vítimas nesse processo, e em muitos casos, herois. E o governo está “pintando” os servidores como vilões para a sociedade porque decidiram fazer a greve.

 Mesmo na época da Ditadura Militar Brasileira, sabemos que jornalistas, políticos e artistas usavam a criatividade para driblar a FORÇA do ESTADO e fazer chegar à sociedade as informações importantes. Estamos vivendo outro momento como esse, agora, e teremos que enfrentar a FORÇA do GDF, que decidiu pressionar a imprensa, cortar o ponto dos servidores,  recorrer à Justiça contra a greve, pagar comerciais na televisão para colocar a sociedade contra os servidores da saúde, cortar a gratificação [GATA] garantida pela Lei 4.440/2009, e o pior de tudo, resolveu se fechar às negociações com a categoria!


Antônio Agamenon Torres Viana
Presidente do SindSaúde-DF