Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Al Qaeda ruralista

Terça, 21 de junho de 2011
Por Vicente Vecci

Os homicídios de 3 líderes camponeses na   Amazônia  recentemente  vem demonstrar que existe uma organização criminosa com indícios de  terrorismo,  patrocinada por madeireiros e ruralistas para eliminar quem defende as florestas e as áreas de preservações  permanentes. Trata-se de uma similar da organização terrorista radical árabe Al Qaeda, mas com metas de assassinar  trabalhadores rurais  que sobrevivem  da  sustentabilidade  de nossas ricas matas. O objetivo é abrir caminhos para os desmatamentos desordenados que, depois de explorada a madeira, dão origem aos pastos para alimento de uma pecuária extensiva, comprovadamente produtora de  gás carbônico que provoca o efeito estufa no planeta. Isso pode ser caracterizado terrorismo das mudanças climáticas.

E o pior de tudo é  que a maioria desses crimes fica impune e muitas vezes os criminosos não são presos.Não existe segurança oficial  para os povos das  florestas  que defendem o meio ambiente e  a fonte de seus sustentos. A não ser que se organizem e passam a ter uma segurança própria armada. Uma milícia para proteger seus cidadãos desses criminosos a serviços dos latifundiários, grileiros, madeireiros e alguns ruralistas. Seria uma Al Qaeda ao contrário, nascida com propósitos ecodefensores. E são muitos os líderes camponeses a serem protegidos. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, da igreja Católica, chegam ao número de 1.800 pessoas do campo que estão ameaçadas de morte. E o Estado não tem condições de protegê-las e mais crimes poderão ocorrer.

Nossas biodiversidades das florestas estão a mercê desses criminosos. Chegando ao ponto de alguns fazendeiros colocarem as reservas de suas terras à disposição de turistas estrangeiros que pagam para caçar nessas áreas, eliminando por prazer, animais da nossa rica fauna. Isso é fato comprovado. Recentemente uma emissora de TV mostrou em rede um vídeo desse safári numa propriedade do pantanal, onde um estrangeiro com uniforme camuflado e lenço preso na cabeça, é guiado para abater em cima de uma árvore, uma onça parda que foi perseguida e estava acuada pelos cães e caçadores. Depois noutro lance é abatida uma onça pintada que é pendurada de cabeça para baixo e tem  um pouco de sangue colhido num copo, aonde foi misturado com aguardente e tomado pelo caçador turista e pela proprietária da fazenda, surpreendentemente uma sobrinha-neta do desbravador do centro oeste, Mal. Rondon. Por cada onça abatida, o turista pagava 60 mil reais e as armas e demais apetrechos da caçada foram fornecidos pela fazendeira. Daí chega-se à conclusão que esses crimes nada mais são que atos de terrorismo contra a nossa natureza, próprios de uma Al Qaeda ruralista. Mais motivos para a Sociedade Civil criar organizações  ecodefensoras   armadas, dentro da legalidade como são as empresas de vigilância e segurança, cujos agentes possuem treinamentos e porte de armas da Polícia Federal.

Os tentáculos dessa Al Qaeda ruralista são vários e chegam às diversas instituições públicas. Estão no Congresso Nacional aonde aprovaram no plenário da Câmara dos Deputados um novo Código Florestal criminoso em que permite desmatamentos nas margens dos cursos d’águas, encostas de morros. As conhecidas áreas de preservação permanente. E o pior. Serão anistiados àqueles ruralistas que desmataram grandes áreas. Com isso por conseqüência, foi mostrado que o desmatamento aumentou. Se permanecer essa aberração contra a natureza, a punição para quem a aprovou será nas próximas eleições, onde o eleitor não deve votar nesses parlamentares.

Vicente Vecci é presidente da Ong Ecodefesa editor
do Jornal do Síndico(versão impresa),