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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Agora que eu quero ver: Justiça manda Rollemberg derrubar o "grilo chic" do Lago Sul

Segunda, 27 de julho de 2015 
Do blog radarcondominios
Por unanimidade os desembargadores determinaram ao governador Rodrigo Rollemberg nesta quarta-feira (15), que mande erradicar de imediato os puxadinhos, churrasqueiras, marinas, quadras de esportes, piscinas, cercas e jardins que ocupam ilegalmente os 40 Km² de extensão da orla do Paranoá. A decisão foi da 3a Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. A maior parte do famoso “grilo chic” está na orla do Lago Sul.

O provimento ao agravo de instrumento interposto pela Associação dos Amigos do Lago Paranoá foi negado por unanimidade pelos desembargadores. O agravo havia sido impetrado pelo advogado e presidente da OAB, Ibaneis Rocha, que também é morador do Lago. Desde o dia 24 do mês passado que o julgamento estava suspenso aguardando o voto da desembargadora Maria de Lurdes Abreu que tinha pedido vista do processo na última sessão. (Veja a decisão aqui).  

O resultado da decisão judicial foi acompanhado o tempo todo, com muita expectativa e apreensão, pelo governador Rodrigo Rollemberg que apostava todas as fichas para uma saída negociada sem a traumática decisão de ter que erradicar as invasões que foram construídas a beira do lago privatizando os 40 Km² do orla.

1-BEIRALAGOORLADe acordo com a ação civil pública do MPDF as ocupações ilegais são um total desrespeito ao que preconiza o Art. 225 da Constituição Federal de 1988, que assegura o direito de ir vi das pessoas. O MP também aponta que as construções edificadas prejudica o meio ambiente por estarem dentro da Área de Proteção Ambiental (APP) do Lago Paranoá.

O receio do governo de mandar derrubar tudo está no fato do “grilo chic” não ser uma invasão qualquer comparada as casas de alguns condomínios do Altiplano Leste ou aos casebres armados pelas famílias de pobres coitados da Vila Nova Jerusalém, da 26 de Setembro na Estrutural ou Morro da Cruz em São Sebastião que foram derrubadas sem aviso prévio como determina a Lei, sob o ronco do trator, das bombas de gás da PM e dos alaridos de alguns sádicos da AGEFIS. Agora a situação é diferente: a invasão do lago pertence aos poderosos e endinheirados.

O incômodo de Rollemberg começou exatamente no dia 27 de março, quando o juiz Carlos Federico Maroja de Medeiros, da Vara de Maio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do Distrito Federal, resolveu acolher a ação civil pública de autoria do MPDF e determinou que o GDF retomasse e recuperasse as áreas públicas em toda a orla do lago Paranoá por serem de uso comum do povo e de especial interesse ecológico.

O GDF estava torcendo e rezando para que a 3 Turma Cívil acolhesse o pedido de tutela de urgência da Associação dos Amigos do Lago Paranoá. Seria uma confusão a menos para o governo se meter. Mas pedido foi negado pelos desembargadores.

A orla do Lago Paranoá concentra o maior PIB do DF que se abriga em cerca de 480 mansões nos lagos Sul e Norte, propriedades que se encontram na mira do MP desde 2005, através da Ação Civil Pública. Nela, o MPDFT narra que o DF vem se omitindo no dever legal de proteger o meio ambiente, conforme prevê a Constituição Federal, assim como se omitindo, também, em promover programas e projetos de educação ambiental.

Nos últimos dez anos nenhum governo que ocupou o Buriti quis cumprir efetivamente a ordem judicial demolidora. Em 2011, a Vara do Meio Ambiente condenou o governo de Agnelo Queiroz a elaborar plano para remover construções no Orla do Lago Paranoá. Em 2014, o MP voltou à carga exigindo a demolição dos imóveis e solicitando que fosse cobrada multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento. Agnelo preferiu mandar pagar a multa a mexer com os “bacanas da orla”.

E agora, Rollemberg! Vai encarar?

Fonte:  Redação Radar Condomínios