Sábado, 25 de julho de 2015
Da Auditoria Cidadã da
Dívida
Traduzido por Rafael Pinheiro e Paulo
Pessoa, revisado por Diogo Baeder – 25/07/2015
Artigo original em inglês: The Bankruptcy Of The Planet Accelerates – 24 Nations Are Currently Facing A Debt Crisis
O mundo tem voltado sua atenção para a Grécia nas últimas
semanas, mas a verdade é que a Grécia representa apenas uma pequeníssima fração
de uma bomba-relógio sem precedentes nas finanças mundiais, que ameaça explodir
a qualquer momento. Conforme será mostrado a seguir, há 24 nações que estão
enfrentando atualmente uma completa crise da dívida, e há outras 14 que estão
caminhando rapidamente para esta situação.
Atualmente a razão Dívida/PIB do planeta como um todo atinge
um recorde histórico (286%) e há um total de aproximadamente U$ 200 TRILHÕES em
dívidas registradas. Isso totaliza cerca de U$ 28 mil para cada ser humano vivo
na Terra. E uma vez que cerca de metade da população mundial vive com menos de
U$ 10 por dia, não há motívos para crer que toda esta dívida possa ser paga um
dia. A única “solução” possível para nosso atual sistema financeiro é empurrar
o problema “com a barriga” pelo máximo período possível até que esta colossal
pirâmide da dívida colossal finalmente colapse sobre si própria.
Como temos visto na Grécia, você pode eventualmente acumular
enormes dívidas até o ponto em que fique literalmente sem saída. As outras
nações europeias tentam viabilizar um terceiro “resgate” para a Grécia, mas é
como se a Grécia pagasse uma dívida enorme de um cartão de crédito usando o
dinheiro de outro cartão de crédito, pois praticamente toda a Europa está
afundada em dívidas.
Mesmo que alguma “solução permanente” possa ser construída
para a Grécia, isto resolveria apenas uma pequeníssima fração do problema geral
que estamos enfrentando. As nações do mundo nunca estiveram tão endividadas, e
a situação tem se agravado dia após dia.
De acordo com relatório recente da Campanha “Jubileu da
Dívida”, há atualmente 24 nações no mundo que estão vivendo uma crise da
dívida: Armênia, Belize, Costa Rica, Croácia, Chipre, República Dominicana, El
Salvador, Gâmbia, Grécia, Granada, Irlanda, Jamaica, Líbano, Macedônia, Ilhas
Marshall, Montenegro, Portugal, Espanha, Sri Lanka, São Vicente e Granadinas,
Tunísia, Ucrânia, Sudão e Zimbabwe.
E há outras 14 nações que estão caminhando para a mesma
situação: Butão, Cabo Verde, Dominica, Etiópia, Gana, Laos, Mauritânia,
Mongólia, Moçambique, Samoa, São Tomé e Príncipe, Senegal, Tanzânia e Uganda.
E o que fazer diante dessa situação?
Será que as nações “ricas” deveriam aplicar planos de
resgate em todas as outras?
A verdade é que as nações “ricas” são algumas das maiores
“perpetradores de dívida” de todas. Consideremos apenas os EUA. A dívida
federal dos EUA mais que duplicou desde 2007, e a esta altura ela é tão grande
que seu pagamento é matematicamente impossível.
A Europa se encontra em situação parecida. Membros da
Eurozona tentam propor um “plano de resgate” para a Grécia, mas a verdade é que
a maioria dessas nações precisarão de “planos de resgate” muito em breve…
Todas essas nações baterão à porta pedindo ajuda em algum
momento. O fato é que a dívida de tais países em relação ao PIB tem disparado
desde 2012, quando a União Europeia quase entrou em colapso.
Na Espanha, a razão Dívida/PIB aumentou de 69% para 98%. Na
Itália, aumentou de 116% para 132%. Na França, subiu de 85% para 95%.
Não nos esqueçamos da Bélgica, Irlanda e Portugal, cujas
razões Dívida/PIB são, respectivamente: 106%, 109% e 130%.
Uma vez que este “castelo de cartas” começar a cair, as
consequências para nosso sistema financeiro global massiva e excessivamente
alavancado serão absolutamente catastróficas.
A Espanha tem mais de US$ 1,0 trilhão em dívida… e a Itália
tem €2,6 trilhões. Estes títulos têm servido de garantia para derivativos que
somam dezenas de trilhões de Euros. O sistema é tão frágil que um perdão
integral ou parcial da dívida para algum destes países provocaria uma crise
sistêmica na Europa.
A razão de alavancagem dos bancos Europeus como um todo é de
26 para 1. Neste patamar, uma queda de 4% dos ativos anularia TODO o seu
capital. E qualquer perdão da dívida Grega, Espanhola, Italiana ou Francesa
significaria muito mais que esses 4%.
Na Ásia, a situação não é lá muito diferente.
De acordo com a Agência de Notícias Bloomberg, os níveis de
endividamento na China têm aumentado para valores nunca antes atingidos…
Enquanto a expansão econômica chinesa desafia as previsões
de analistas no segundo trimestre, os níveis de endividamento daquele país
aumentaram ainda mais rápido.
Na China, os empréstimos para empresas e para famílias
atingiram um total recorde de 207% do PIB no fim de Junho, ao passo que em 2008
atingiram apenas 125%, de acordo com os dados da Bloomberg.
E vale lembrar: aí não está incluída a dívida pública.
Quando somamos todas as formas de endividamento, a razão Dívida Total/PIB
Chinesa está se aproximando rapidamente de 300%.
No Japão, as coisas estão ainda piores. A razão Dívida/PIB
chega a impressionantes 230%. Este número está tão elevado que é até mesmo
difícil crer que seja real. Em algum momento a implosão da dívida atingirá o
Japão e então chocará o mundo.
Obviamente a mesma coisa pode ser dita a respeito de todo o
planeta. Sim, os governos nacionais e seus respectivos bancos centrais tem
tentado varrer o problema para debaixo do tapete o máximo possível, mas todos
sabem que isto não acabará bem.
E quando as coisas começarem a desmoronar, o cenário que se
anuncia será diferente de tudo que já vimos antes. Basta considerar o que Egon
von Greyerz recentemente disse ao portal “King World News”…
Eric, no mundo atual, há mais situações problemáticas do que
estáveis. Nenhuma grande nação ocidental poderá reembolsar estas dívidas. O
mesmo raciocínio vale para o Japão e para a grande maioria dos mercados
emergentes. A Europa é uma experiência fracassada para o Socialismo e despesas
com dívidas. A China é uma enorme bolha, em termos de mercado de ações,
imobiliário e do chamado sistema bancário das “sombras”. O Japão também é um
exemplo insano e os EUA são o país mais endividado do planeta e tem acumulado
déficits ao longo de mais de 50 anos.
Portanto, é certo que assistiremos a implosão de U$ 200
trilhões em dívidas e de U$ 1,5 quadrilhão em derivativos. Isso provocará a
maior destruição de riquezas mundiais, com títulos mobiliários e propriedades
imobiliárias perdendo de 70 a 95% do seu valor. O comércio mundial contrairá
dramaticamente e o mundo inteiro enfrentará enormes dificuldades.
Portanto, o que você acha que está chegando, e quão ruim as
coisas serão uma vez que esta crise da dívida mundial está totalmente fora de
controle?