Quarta, 29 de julho de 2015
Do MPF
Foram denunciados o ex-diretor da
Petrobras Renato de Souza Duque, a advogada Christina Maria da Silva Jorge, os
empresários João Antônio Bernardi Filho, Antônio Carlos Briganti Bernardi e
Julio Gerin de Almeida Camargo
A Força-Tarefa do Ministério público Federal (MPF)
denunciou, nesta quarta-feira, 29 de julho), mais cinco pessoas relacionadas à
14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em 19 de junho, pelas práticas dos
crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. Foram denunciados o
ex-diretor da Petrobras Renato de Souza Duque, a advogada Christina Maria da
Silva Jorge, os empresários João Antônio Bernardi Filho, Antônio Carlos
Briganti Bernardi e Julio Gerin de Almeida Camargo.
Segundo o MPF, os denunciados participaram de um esquema
de corrupção e lavagem de dinheiro para favorecer a empresa italiana Saipem na
contratação de obras da Petrobras. Para isso, utilizaram-se de transações
bancárias nas contas da Hayley/SA, offshore uruguaia que mantinha contas na
Suíça e que, posteriormente, remetia os valores como simulação de investimentos
na sua subsidiária Hayley do Brasil. Por fim, a Hayley do Brasil adquiria obras
de arte em seu nome, mas as entregava a Renato Duque como parte do pagamento da
vantagem indevida.
De acordo com o procurador da República Diogo Castor de
Mattos, as investigações que culminaram na denúncia demonstraram uma evolução
nos métodos de lavagem de dinheiro: "A lavagem de dinheiro por intermédio
de aquisição de obras de arte é uma forma inovadora de ocultar o real
proprietário dos valores provenientes de crimes", afirma.
Entenda o caso – João Bernardi era representante
comercial da Saipem do Brasil, subsidiária da empresa italiana Saipem S/A. Ele
ofereceu vantagem indevida para Renato Duque, na época diretor da área de
serviços da Petrobras, para assegurar que a estatal contratasse a empresa
italiana para a realização das obras de instalação do Gasoduto Submarino de
Interligação dos Campos de Lula e Cernambi. Já os denunciados Christina Maria
da Silva Jorge e Antônio Carlos Bernardi participavam, com João Bernardi, da
administração das atividades da Hayley do Brasil e da offshore Hayley S/A,
sociedades utilizadas para a lavagem de capitais dos recursos auferidos com os
crimes.
Dentre as provas do crime de corrupção apontadas na
denúncia, consta, por exemplo, o roubo de R$ 100 mil sofrido por João Bernardi
quando se dirigia à sede da Petrobras para efetuar o pagamento destes valores a
Renato Duque. Além disso, os denunciados participaram de depósitos de US$ 1
milhão em favor de Renato Duque nas contas da Hayley S/A na Suíça, controlada
por João Bernardi. O dinheiro foi internalizado no Brasil por meio de contratos
de câmbio que simulavam investimentos de capital estrangeiro no país mediante
depósitos na empresa Hayley do Brasil.
Por fim, Renato Duque recebeu de João Bernardi vantagem
indevida no valor de R$ 577.431,20, com o auxílio de Christina Jorge e Antônio
Briganti, através de 13 obras de arte. A compra foi registrada em nome de João
Bernardi e da Hayley do Brasil mas quem dispunha de fato das obras era Renato
Duque.
Denunciados e crimes:
Denunciados e crimes:
Corrupção passiva: Renato de Souza Duque.
Corrupção ativa: João Antônio Bernardi Filho.
Lavagem de dinheiro: Renato Duque, Julio Camargo,
Christina Maria da Silva Jorge, Antonio Carlos Briganti Bernardi e João Antonio
Bernardi Filho.
Autos nº 5037093-84.2015.4.04.7000.
Veja aqui a íntegra da denúncia.