Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Por uma frente de esquerda socialista, para unir os trabalhadores e derrotar o projeto da burguesia!

Segunda, 30 de outubro de 2017
É necessário enfatizar que as maiores empresas do país são as principais responsáveis pela corrupção, seus diretores são os principais corruptores e não apenas o lumpesinato político que os noticiários apontam diariamente
imagem 

Do site do PCB
A crise política brasileira se agrava a cada dia com a emergência de uma conjuntura típica dos períodos em que o velho ciclo está morrendo e o novo ainda não se consolidou. Nesse intervalo, aparecem os fenômenos mais bizarros, as aberrações inesperadas e os fatos mais imponderáveis, como o renascimento do fascismo, do fundamentalismo religioso, os pronunciamentos de militares da ativa e da reserva querendo a volta da ditadura militar, além de grupos de extrema direita reivindicando a intervenção das Forças Armadas para resolver a crise e realizando ações obscurantistas, invadindo salas de aula, bem como realizando censura a manifestações artísticas em várias regiões do país.


Mesmo com apenas 3% de popularidade, odiado pelo povo, com o próprio presidente, ministros e centenas de parlamentares e auxiliares diretos envolvidos diretamente com a corrupção, esse governo, ou melhor, essa quadrilha que tomou conta do Planalto vem realizando obstinadamente uma ofensiva generalizada contra os salários, direitos e garantias dos trabalhadores e da juventude, mediante o ajuste fiscal predatório e diversas contrarreformas, promovendo a destruição da legislação trabalhista, aprovando a lei das terceirizações e a mudança no ensino médio para impor uma educação tecnicista e formadora de mão de obra barata para o mercado. Além disso, o Congresso, em sua imensa maioria subserviente aos interesses da burguesia e mancomunado com o governo golpista, elabora uma reforma eleitoral para isolar a esquerda e consolidar os partidos conservadores, que vem se somar ao conjunto de leis criadas para favorecer o agronegócio, os latifundiários e o grande capital, além da criminalização e da repressão contra os movimentos sociais.


A agenda da burguesia e do imperialismo está quase toda aprovada, num tempo recorde, impossível em outra conjuntura de normalidade institucional. Trata-se de um governo antinacional e antipopular, apoiado por um parlamento majoritariamente de direita e corrupto, onde realizam essas ações tanto para se credenciar junto ao capital quanto para se safar da cadeia. Uma quadrilha que perdeu completamente todos os escrúpulos e agora transforma abertamente o governo em um despudorado balcão de negócios para garantir seu mandato frente a graves denúncias e saciar o apetite fisiológico de uma base parlamentar também corrupta.


Mas não podemos nos render ao senso comum, segundo o qual a corrupção é realizada apenas pelas autoridades governamentais ou pelo parlamento. A corrupção é funcional ao capitalismo, fruto da própria lei da concorrência, sem a qual os capitalistas não poderiam desenvolver plenamente seus negócios. É necessário enfatizar que as maiores empresas do país são as principais responsáveis pela corrupção, seus diretores são os principais corruptores e não apenas o lumpesinato político que os noticiários apontam diariamente. Também não podemos esquecer que as eleições no Brasil são compradas pelos grandes bancos e grandes empresas como agora ficou escancarado para toda a população. Portanto, estamos diante de uma corrupção sistêmica praticada tanto pelos políticos corruptos quanto pelos grandes empresários.


De outro lado, o movimento social, que vinha em ascenção desde as jornadas de junho, agora está em compasso de espera em busca de novas alternativas para voltar à cena com mais firmeza e organicidade. Vale lembrar que os trabalhadores, a juventude e o povo pobre dos bairros lutaram bravamente nesse período. As ocupações dos secundaristas em São Paulo, realizadas por adolescentes, conseguiram derrotar pela primeira vez o governo Alckmin, um dos mais conservadores do Brasil. Posteriormente, foram realizadas ocupações de escolas e universidades em todo o país contra o governo Temer, manifestações espontâneas no carnaval, nas olimpíadas e nos estádios de futebol. Também ocorreram grandes manifestações de rua, mobilizações nos dias nacionais de lutas e paralisações e a histórica greve geral de 28 de abril, culminando com a passeata dos 150 mil em Brasília.

Esse movimento em ascensão sofreu uma grave derrota com a paralisação fracassada do dia 30 de junho, em função da traição de algumas centrais e as vacilações e corpo mole de outras, o que levou o movimento ao refluxo atual. Mas a luta de classes é assim mesmo: tem avanços e recuos. O importante é constatar que há uma indignação generalizada contra esse governo e que esta indignação precisa ser transformada em luta concreta e organizada. A tarefa dos revolucionários é ampliar seus vínculos com os trabalhadores e a população em geral, mediante um trabalho de base e agitação e propaganda no sentido de esclarecer o caráter do governo e seus patrocinadores, denunciar o desemprego, as contrarreformas, a corrupção e o sistema de exploração capitalista.


É nessa conjuntura complexa e difícil que segue a luta de classes no Brasil. Os comunistas entendem que, ao mesmo tempo em que a burguesia avança sobre nossos direitos e garantias e entrega o país ao capital privado nacional e internacional, este momento também abre possibilidades para uma resposta firme, organizada e unitária da nossa classe contra as investidas do capital e esse governo degenerado. Não é hora de cair em prostração ou no desânimo. Pelo contrário, esse é o momento de lutarmos pela construção de uma grande frente de esquerda, anticapitalista e anti-imperialista, com um programa claro em defesa dos interesses e necessidades da classe trabalhadora, que busque resolver os principais problemas imediatos e de longo prazo dos setores populares, que fale direto aos corações e mentes daqueles que ganham o pão com o suor do rosto, demarcando de forma clara o programa popular do programa da burguesia.


Para contribuir com o debate, o Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB), reunido nos dias 7 e 8 de outubro, em São Paulo, apresenta às forças de esquerda socialista, aos movimentos sociais, à juventude e ao povo pobre dos bairros um programa para o Brasil como contribuição ao debate para a unidade das forças populares, intitulado “Derrotar o Projeto da Burguesia e Construir a Alternativa Popular – Por Pão, Terra, Trabalho e Moradia”. Trata-se de uma iniciativa para se somar a outras que estão sendo realizadas por organizações políticas e movimentos sociais em busca de um programa unitário que poderá ter sua formulação final num grande encontro nacional dos trabalhadores e do movimento popular, a ser realizado no momento mais propício da luta de classes e da unidade das forças populares.


De nossa parte estamos dispostos a realizar todos os esforços para contribuir com essa unidade e nos comprometemos a realizar conversas, debates, trocas de opiniões com todas as organizações políticas e movimentos sociais que estejam dispostos a participar dessa empreitada. O momento exige disposição para unidade, ousadia na ação e luta concreta de todos os revolucionários que buscam a construção do Poder Popular e das transformações sociais no rumo do Socialismo.


Comitê Central do PCB
Outubro de 2017