Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 28 de outubro de 2017

“Que cara de pau, e ainda quer se reeleger em 2018. Não com voto meu”

Sábado, 28 de outubro de 2017
Imagem arquivo www.gamalivre.com.br

Manhã deste sábado (28/10), alguns minutinhos antes das 11 horas em farmácia da Quadra 1 do Setor Sul do Gama, DF.

Na frente do caixa, esperando para pagar compras que acabaram de realizar, sete clientes, sendo seis mulheres. Dos sete clientes, quatro idosos, e três jovens.

O troco da primeira cliente da fila “enganchou’’, forçando a moça do caixa dar uma saidinha rápida para conseguir dinheiro trocado.

Sabe como é cliente em fila de caixa, né? Se a fila para, a conversa começa.

Uma senhora, visivelmente indignada puxou conversa. E os outros clientes na fila toparam o papo. Mostrou, a puxadora do papo, uma caixa de remédio que estava comprando. Disse não ter certeza se seria curada por aquilo, pois não foi atendida no HRG, o Hospital Regional do Gama e, assim, não sabia exatamente o que tinha e a extensão do que tinha.

Não havia sido ela consultada porque não tinha qualquer médico na Clínica Médica do Pronto Socorro do HRG, na manhã deste sábado (28/10). Na ortopedia do PS, soube ela que havia médico, mas no setor que deveria, e tem o direito, de ser atendida, nada de atendimento.

Sem médico, sem consulta, sem diagnóstico, sem receber respeito do Estado, o jeito foi atravessar a rua e entrar na primeira farmácia aberta. Na falta de diagnóstico científico, o ‘diagnóstico’ do autochutômetro. Na falta da indicação do melhor remédio indicado, a esperança de ter acertado no autodiagnóstico e na automedicação.

A senhora autodiagnosticada, automedicada e altamente indignada repetiu uma meia dúzia de vezes:

— Que cara de pau, e ainda quer se reeleger em 2018. Com voto meu não. Não e não.

Eu, editor deste blog Gama Livre, apenas observava. E a freguesa da farmácia (que deveria ser paciente do HRG, mas não deixaram), deu um sorriso, tocou no meu braço e falou mais uma vez para que todos pudessem ouvir: “Que caaa-raaa de pau, e ainda quer se reeleger em 2018. Não com voto meu. E espero que também sem o seu voto”.

Como o voto é secreto, apenas sorri e pisquei o olho. Alguém desconfia aí a quem aquela simpática senhora, simpática mesmo estando naquele momento indignada, se referia ao chamar de cara de pau?

Respostas para a Praça do Buriti.