Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 29 de julho de 2019

A república dos celulares, devastados, desabrigados, desmoralizados, desencontrados

Domingo, 28 de julho de 2019
Por
Helio Fernandes*
Tudo é muito estranho, complicado, sem a menor explicação. E com várias versões para a quebra do sigilo de mais de mil pessoas. Todo o chamado primeiro time dos "Três Poderes" sofreu atentado verbal, foi hackeado desabridamente. E as reações foram contraditórias, divergentes, conflitantes.

Desde o presidente da República, incluindo, ministros dos dois mais altos tribunais do país, (STF e TSJ) presidentes da Câmara e do Senado, ninguém escapou. Mas todos, sem exceção, usaram tom de conciliação, garantiram: "Não estou preocupado, no celular não falo nada que possa comprometer".

Por enquanto existem apenas investigações e versões. E exemplos do mundo inteiro: o sistema eletrônico é muito frágil, não demora e eleições presidenciais de um país serão violadas pela intervenção de outro. Utilizando dinheiro e poderio. Para aumentar seu cacife no jogo do xadrez político-militar internacional.

(Já entrou para a História a participação de Putin e da Rússia, na vitória de Trump nos EUA. Escrevi muito sobre isso. Localizando a atuação criminosa do presidente da Rússia na Macedônia. A Rússia é potência eletrônica, mas Putin preferiu atuar de longe, para não ser descoberto e responsabilizado).

O espantoso, assombroso e rigorosamente ruinoso: as denúncias a respeito dessa invasão com ameaças indiscriminadas partiram do ministro Sérgio Moro. Acusadíssimo e sem defesa, jogou a polícia federal na investigação.

Com "resultados" premeditados e garantidos.

PS-  O assunto ficará nas manchetes até ser desvendado a sério. Mas o ex-magistrado não pode ficar ou sair como herói nacional. Seu objetivo fundamental.

PS2- Para o país e seu futuro, altamente benéfico, que tudo seja mesmo classificado como ação por dinheiro, visando lucros, logicamente ilegítimos.

PS3- E que não tentem responsabilizar unicamente "o garoto de Araraquara".

Que foi preso e apareceu logo com um advogado. Que fica o tempo todo, se exibindo nas televisões.

PENA DE MORTE, EUA E BRASIL

Em 2003, execução rumorosa e com protestos violentos da comunidade americana. Com tal repercussão, que foi proibida nos últimos 16 anos. Agora, agências de notícias tidas como bem informadas, divulgam: "Trump está admitindo restabelecer imediatamente o assassinato oficial".

Curiosa e estranhamente, pretende concretizar essa medida impopular antes de 2020, quando tentará a reeleição para os últimos 4 anos da vida pública.

Sua posição eleitoral não é boa, e não melhora nada com a volta da tão amaldiçoada medida.

Vários países  tinham a pena de morte. Na Inglaterra, por enforcamento, era transformada num espetáculo tétrico, com grande audiência. Principalmente quando os personagens eram famosos. E trucidados na Torre de Londres, uma das maiores atrações da capital.

Preocupação aqui no Brasil. Como Bolsonaro é insensato insensível. E apaixonado por Trump, pode querer imitá-lo.

O GOVERNO, (desgoverno) ANUNCIOU A CRIAÇÃO DE 400 MIL EMPREGOS NUM SEMESTRE DESTE 2019

Festejaram como se fosse a salvação nacional. Apesar de não haver comprovação e sim contradição, examinemos os números como se fossem autênticos e verdadeiros. Assim, 400 mil vagas em 6 meses, o resultado seria 65 mil pessoas deixando o longo período de procura sem encontrar trabalho.

Somando: em 1 ano, (2 semestres) mantido o ritmo, 800 mil trabalhadores não seriam mais desempregados. Em 10 anos teriam sido beneficiados 8 milhões, para suprir os 13 milhões atingidos pela realidade mais cruel e desumana que é o não trabalho.

Pesquisas que não podem ser desmentidas, são fatos, fatos, fatos, recolhidos por especialistas. 24 milhões são considerados SUBUTILIZADOS. Traduzindo: trabalham 2 horas por dia, gostariam de trabalhar 8 ou até 10. Como recebem proporcionalmente, não saem da condição de miseráveis.

PS- Levantamentos sociológicos irrefutáveis. Meninos que estão hoje entre 10 ou 12 anos, em 6 ou 7 terão que entrar no mercado de trabalho que não existe.  E que pelo jeito, continuará não existindo.

PS2- Esses são dados espantosos da tragédia nacional que é o DESEMPREGO em massa.

MINISTRO GUEDES VOLTA A FALAR NA PRIVATIZAÇÃO DE 400 ESTATAIS 

Assim que foi convidado para super ministro da Economia, antes da posse, mostrou seus propósitos. (Não digo convicções, políticas, econômicas ou ideológicas, porque não tem nenhuma. É apenas arrivista, oportunista, pouco acima de carreirista . De âmbito internacional. Formado na famosa Universidade de Chicago. Não conseguiu emprego sólido, se envolveu com grupos não recomendados ou recomendáveis).

Primeira afirmação que contestei imediatamente: "Vou privatizar 400 estatais e conseguir 80 bilhões de dólares", na época, mais ou menos 240 bilhões de reais. Já ministro, foi à reunião de Davos, levou malas e malas com documentos. Ofereceu aos mais diversos empresários, ninguém se interessou.

Agora voltou ao assunto, só que muito mais cauteloso. Continua garantindo que vai efetuar privatizações. Não indica o número, nem quanto pretende arrecadar.

PS- O super ministro desapareceu do mapa das potências, na preliminar, antes de começar o jogo principal.

PS2- Devia pedir demissão antes da TRAMITAÇÃO, e ir morar no exterior.

PS3- Falou nisso como AMEAÇA, os interlocutores entenderam como PROMESSA.

PS4- Não resistirá ao choque e contra choque do fracasso e da decepção

O PALAVREADO NADA PRESIDENCIAL DE BOLSONARO AGREDINDO UM JORNALISTA

O alvo e o objetivo, a liberdade de imprensa, a Constituição, a multidão que assiste televisão diariamente. Mas como precisava personalizar, atirou diretamente no coração de Glenn Greenwald, do Intercept. Sua desmoralização em 6 meses atingira um ponto tão alto, que parecia impossível cair mais. A não ser apelando para a baixaria, com linguagem de prostíbulo, que domina inteiramente e com conhecimento de causa.

A repercussão contrária foi tão espantosa, nas ruas e nos gabinetes dos mais importantes personagens, incluindo correligionários, que foi majoritariamente criticado.

E o jornalista Ascânio Seleme, num achado de linguagem a respeito do capitão, identificou sua situação atual, como "a segunda facada". O jornalista do Intercept, foi atacado de forma tão sórdida, solerte, primária, vergonhosa, vexatória, que sem o menor constrangimento teve sua vida pessoal invadida, menosprezada.

Exibindo todo o seu ódio, aversão e paixão homofóbica, que pode ser punido por desrespeitar o decidido pelo STF, "homofobia é crime".

Vulgarizou de tal maneira o verbo, rotulou o jornalista que cumpria integralmente o direito que a Constituição lhe garante, com independência e informações vastas e não desmentidas. Pela primeira vez na História republicana, um presidente recorre a publicação impublicável. (Isso não é redundância, e sim condenação indefensável).

Alguns rótulos desprezíveis, que é necessário repetir e reproduzir para desmoralizar ainda mais o capitão, se isso fosse possível.

Chamou-o de "malandro", casado  com outro "malandro ainda pior". E vai se desgastando ainda mais: "Casou e adotou filhos, para não ser expulso".

Finalmente: "Ele não será preso lá fora, pode PEGAR UMA CANA AQUI". Textual, repudiado por personagens e órgãos importantes.

PS- E pelo próprio jornalista do Intercept, que não se deixou intimidar, pois foi ameaça e intimidação da parte do capitão irresponsável.
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*Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa. Matéria pode ser republicada com citação do autor.