Quinta, 14 de novembro de 2019
Olá,
Diante de todas as notícias
das últimas semanas, acredito que eu e você compartilhamos do mesmo sentimento:
a sensação de angústia de estarmos dentro de um labirinto de notícias sobre o
caso Marielle. Hoje, escrevo esta carta e te convido a continuar com a gente na
mobilização, porque a única saída possível é justiça para Marielle!
Foi no dia 14 de março de
2018, há exatos 20 meses, que um crime mudou para sempre a história do Brasil e
do mundo. Nesta data, foram
brutalmente assassinados a defensora de direitos humanos e parlamentar no
exercício do seu mandato Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Suas
mortes levaram consigo sonhos individuais e coletivos, a alegria de duas
famílias e uma interlocutora fundamental para uma série de cidadãos e cidadãs
do Rio de Janeiro que eram beneficiados pela atuação de Marielle, incluindo aí
jovens, negros e negras, moradores de favelas, mulheres, pessoas LGBTI,
policiais vítimas da política de segurança pública e seus familiares. A
demora na solução deste caso arrasta consigo a credibilidade de autoridades e
instituições brasileiras.
Infelizmente, Marielle não
foi a primeira defensora de direitos humanos a ser vítima de violência no
Brasil, mas
a repercussão de sua história, somada à demora em dar respostas por parte das
autoridades, ressoa cada vez mais alto nos ouvidos de todas as pessoas que
atuam pela defesa do bem coletivo: vocês não estão seguros e seguras. Pior,
somamos cada vez mais vítimas, como é o caso do indígena Paulo Paulino
Guajajara, assassinado no início do mês no Maranhão. Ele era um guardião da
floresta e defendia o território de seu povo.
Desde as primeiras horas
dos assassinatos da Marielle e do Anderson, a Anistia Internacional cobrou
justiça. E, para nós, a justiça só estará garantida quando todos os
envolvidos nessas mortes tiverem sido identificados, levados à justiça e
submetidos a julgamentos justos, imparciais, transparentes e céleres. Hoje, 20
meses depois, estamos bem longe disso. O labirinto do caso Marielle
Franco, que apresentamos no início deste ano e expressava 23 perguntas sem
respostas relacionadas às execuções de Marielle e Anderson, só aumentou.
Nos últimos dias,
assistimos a uma inundação de denúncias, acusações, disputas políticas,
desencontros de versões e silenciamentos por parte daqueles que deveriam estar,
desde o primeiro dia, trabalhando de forma colaborativa com o objetivo de
esclarecer este caso: as autoridades políticas e policiais do Estado do Rio e
do país. Como palco, a imprensa. A velocidade com que são publicadas e
avidamente consumidas as inúmeras notícias com as reviravoltas das investigações
mostram a sede da sociedade por informações sobre a elucidação do crime. É
um sentimento legítimo de quem se vê, há tanto tempo, sem respostas.
Entretanto, é preciso ter
calma. O que existe hoje não são respostas e há pouquíssimas e
insuficientes versões oficiais. Assistimos a uma espetacularização em torno do
caso, que traz consigo uma grande confusão e nos distancia cada vez mais da
pergunta que realmente importa: quem mandou matar Marielle Franco, e
por quê?
É fundamental que não fiquemos presos nas paredes desse labirinto. Nós, sociedade civil e comunidade global, que somamos mais de 780 mil pessoas que exigimos uma solução para o caso em petição entregue ao Govenador do Rio, Wilson Witzel, e ao Procurador Geral do Ministério Público do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, em março deste ano, precisamos estar vigilantes e atentos. A quem interessa o vazamento de tantas informações que supostamente deveriam estar sob sigilo? Quem está por trás destes vazamentos?
É fundamental que não fiquemos presos nas paredes desse labirinto. Nós, sociedade civil e comunidade global, que somamos mais de 780 mil pessoas que exigimos uma solução para o caso em petição entregue ao Govenador do Rio, Wilson Witzel, e ao Procurador Geral do Ministério Público do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, em março deste ano, precisamos estar vigilantes e atentos. A quem interessa o vazamento de tantas informações que supostamente deveriam estar sob sigilo? Quem está por trás destes vazamentos?
Vazamento não é resposta e
transparência não é quebra de sigilo. Desde o início das
investigações, demandamos a criação de uma comissão de especialistas
independentes para acompanhar os trabalhos e atestar se estavam obedecendo a
todos os procedimentos legais e corretos. A guerra de informações a que
assistimos agora de forma atordoante é impulsionada pela falta de
transparência.
É imprescindível que as
autoridades responsáveis pelas investigações disponham de todos os recursos
para identificar os envolvidos neste crime bárbaro, doa a quem doer. À
sociedade, pedimos cautela. Às autoridades, exigimos transparência e
resposta. Não descansaremos até que se faça justiça para Marielle e Anderson, e até que todos os defensores e defensoras de direitos humanos estejam seguros para atuar neste país.
Esta carta é para marcar
nossa posição diante das últimas atualizações deste caso absurdo. E hoje, para
nós, é um dia de luta. Passamos o dia todo mobilizados, exigindo justiça para
Marielle. Junte-se a nós: se você já assinou nossa petição, divulgueeste chamado em suas redes.
Compartilhe também nas
redes sociais mensagens exigindo resposta. Nós estaremos usando a
#JustiçaParaMarielle, e você?
Contamos com seu apoio
Jurema Werneck
====================
Memória: