Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 29 de março de 2011

Ameaçado, estudante que denunciou racismo no RS tenta retornar à Bahia

Terça, 29 de março de 2011
Da Radioagência NP
O estudante baiano Helder Santos permanece abrigado em um quilombo, na cidade de Porto Alegre (RS), enquanto providencia o retorno para o seu estado natal. Ele cursa História na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no município de Jaguarão. Helder recebeu cartas com ameaças, depois de denunciar policiais militares pelas agressões físicas e ofensas racistas que sofreu em uma abordagem.

Em entrevista ao Coletivo Catarse, o estudante revela que uma das cartas dizia: “Nego sujo volta pra Bahia”. Segundo Helder, a diretora da Universidade cobrou explicações junto à Brigada Militar. Logo depois, também recebeu uma carta onde foi ameaçada. Na mensagem ela é responsabilizada por atrair “lixo” para a cidade.

“Depois que se tornou público, que a gente levou aos meios de comunicação todos os encaminhamentos que tínhamos feito, aí sim a gente começou a sentir o poderio, os resquícios de ditadura ainda latentes naquele lugar, foi quando eu recebi a primeira carta de ameaça.”

O autor das cartas ainda ameaça incriminar Helder, armando um falso flagrante, com um quilo de entorpecentes, que o colocaria pelo “resto da vida na cadeia”. O estudante garante que a postura de repressão aos negros no Rio Grande do Sul é corriqueira.

“Poxa, as pessoas me paravam na rua e falavam ‘eu também passei por isso. Eles levam a gente, fazem o exame de corpo de delito e depois eles agridem a gente porque o laudo não acusa nada’. Então, as pessoas já estavam adaptadas a esse tipo de prática, mas eu venho de outra realidade e, para mim, era inconcebível que alguém me abordasse, me agredisse e isso fosse natural.”

Helder pediu transferência para a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. O Ministério Público e a Assembleia Legislativa acompanham o caso.

De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.