Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 29 de março de 2011

Oposições juntam os cacos

Terça, 29 de março de 2011
Por Ivan de Carvalho
Depois da devastação que sofreu nas eleições e com as adesões ao governo no período pós-eleitoral, a oposição que restou começa a tentar juntar os cacos na Bahia. Afinal, a vida continua, a política também. Mas os cacos são poucos.

    Ontem, no restaurante da Assembléia Legislativa, reuniram-se o deputado federal e presidente estadual do PSDB, Antônio Imbassahy, o líder do Democratas na Câmara dos Deputados, ACM Neto e a bancada de oposição na Assembléia Legislativa. O motivo da reunião foi a articulação das cúpulas com a bancada oposicionista na Assembléia.

    Mas, a comprovar que são poucos os cacos a juntar, estiveram presentes apenas nove deputados estaduais – Luciano Simões, Leur Lomanto Neto e Pedro Tavares, do PMDB, Tom Araújo, Herbert Barbosa e Paulo Azi, do DEM e Sandro Régis, Elmar Nascimento e Reinaldo Braga, do PR e Augusto Castro, do PSDB. Ao todo, 11.

    Não estiveram presentes, porque estão com um pé na base governista e o outro também, Gildásio Penedo, do DEM, Temóteo Brito, Alan Sanches e Ivana Bastos, do PMDB. Os quatro deverão oportunamente ingressar no PSD, partido a ser fundado e liderado na Bahia pelo vice-governador Otto Alencar. O democrata Rogério Andrade, que se acreditava que permaneceria em sua atual legenda, não compareceu ao almoço. O presidente do DEM, ex-governador Paulo Souto, não compareceu. Ele parece não estar muito ligado no dia a dia da política baiana.

    Sabe-se também que para o novo partido, o PSD, invenção do prefeito paulistano Gilberto Kassab e do vice-governador paulista Afif Domingos, vai, entre muitos outros, o prefeito democrata de Feira de Santana, Tarcísio Pimenta. Com isso, abre-se um leque de três prováveis candidatos a prefeito de Feira de Santana: Tarcísio Pimenta, pelo PSD, o petista Zé Neto, atual líder do governo na Assembléia Legislativa e que já disputou a prefeitura local na eleição de 2008 e o ex-prefeito democrata José Reinaldo, que tem grande popularidade no município. Assim configurada, deverá ser uma grande e bela batalha no segundo maior colégio eleitoral da Bahia, provavelmente travada em dois turnos.

    Mas, voltando ao cenário da oposição baiana, não foi somente no restaurante da Assembléia Legislativa que houve reunião. A direção do estadual do PMDB reuniu-se na manhã de ontem para discutir e fixar estratégias para as eleições municipais do ano que vem. O ex-ministro Geddel Vieira Lima esteve presente. A estratégia principal é a de preparar candidaturas próprias a prefeito e vice no maior número possível de municípios, como recomendado pelo diretório nacional – e com especial ênfase nos principais colégios eleitorais baianos. Realizar debates junto às bases e agregar lideranças nos municípios em que o PMDB teve desempenho inferior ao esperado é outra medida acertada.

   Um ponto destacado no encontro da bancada oposicionista com Imbassahy e ACM Neto na Assembléia foi a sucessão em Salvador. Um dos possíveis candidatos oposicionistas, o deputado ACM Neto afirmou que, unidas, as oposições são “imbatíveis” em Salvador, baseando sua afirmativa nas pesquisas eleitorais que diversos partidos já começaram a encomendar a respeito. Os “rumores” são de que ACM Neto lidera amplamente essas pesquisas.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.