Terça, 29 de maio de 2012
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes
apresentou hoje (29) documentos da viagem que fez à Alemanha, em abril
do ano passado. Mendes mostrou os documentos a jornalistas antes de ir à
sessão de julgamento da Segunda Turma do STF. Os papéis apresentados
pelo ministro mostram que ele esteve na Europa entre 12 e 25 de abril,
para participar de um evento acadêmico na Universidade de Granada. A
passagem de ida, de Guarulhos (SP) a Granada (Espanha), com conexão em
Madri, e a passagem de volta, trecho Berlim–Frankfurt
(Alemanha)–Guarulhos (SP)–Brasília, foram pagas pelo STF e custaram R$
16,1 mil.
Os documentos também mostram que a viagem de volta ao Brasil começou em
Berlim por conveniência do próprio ministro e que as diárias de 17 a
25 de abril não foram pagas pelo tribunal. “Vocês sabem que desde 1989
eu frequento a Alemanha todo o tempo, tenho uma filha que mora lá, dou
aula lá. Vão ver as passagens tiradas pelo STF”, justificou Mendes.
Mesmo garantindo que não pegou carona com o senador Demóstenes Torres
(sem partido-GO), Mendes disse que não veria problemas em fazê-lo. Ele
lembrou que foi duas vezes a Goiânia a convite do senador, uma com o
ex-ministro do Supremo Nelson Jobim e o atual ministro Antonio Dias
Toffoli, e outra com Toffoli e a ministra do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) Fatima Andrighi. “Agora, por que esse tipo de notícia? Se
eu tivesse pegado o avião, se ele [Demóstenes] tivesse me oferecido? Eu
tinha algum envolvimento com o eventual malfeito dele?”
O ministro atribuiu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a
responsabilidade pela divulgação de informações sobre a viagem à Europa
que, segundo ele, nada tem de ilegal. Segundo Mendes, Lula recebeu essas
informações de “gângsters” e "bandidos" interessados em plantar
notícias falsas.
Perguntado por jornalistas se Lula seria a fonte dessas notícias,
Mendes respondeu:. “As notícias que me chegaram são que sim, que ele era
a central de divulgação disso, o próprio presidente”. E completou:
“Colegas de vocês [jornalistas] que me disseram isso”.
Mendes disse que as informações falsas de que teria relações com
Demóstenes e com o empresário goiano Carlinhos Cachoeira são uma
tentativa de desmoralizar o Supremo, que está prestes a iniciar o
julgamento do mensalão. “O objetivo era melar o julgamento do mensalão,
dizer que o Judiciário está envolvido em uma rede de corrupção. Tentaram
fazer isso com o [procurador-geral da República, Roberto] Gurgel e
estão fazendo isso agora”.
Fonte: Agência Brasil — Debora Zampier, repórter