Quinta, 31 de maio de 2012
De "Rumos do Brasil"
Por Paulo Passarinho
Há pouco tempo,
escrevi um artigo (No reino do curto-prazo) destacando a dependência do
governo, em seu processo de tomada de decisões, a situações conjunturais
de curto-prazo.
Esse é um dos elementos que evidenciam a total subordinação do país a
diferentes circunstâncias econômicas, sem que tenhamos um norte
estratégico definido. Vivemos, assim, a ausência de um projeto de nação
que estabeleça metas e objetivos nacionais a serem atingidos no curto,
médio e longo prazos, através de meios e instrumentos factíveis e
racionais. Algo que no passado era denominado de planejamento.
Vivemos, na verdade, a realidade de um país que navega nas ondas
circunstanciais das pressões de um mercado globalizado e cada vez mais
concentrado e altamente competitivo. O Brasil atual (com as suas
estruturas de poder) passa a ser, desse modo, um administrador de
pressões e interesses que surgem dos pólos mais dinâmicos do atual jogo
global, notadamente corporações transnacionais e financeiras.
Frente, por exemplo, à fase da crise do capital que se abre a partir
de 2007/2008, e que no momento aponta para o agravamento da situação de
crise na Europa, com a possibilidade da Grécia deixar a área do euro, o
governo procura se agarrar a qualquer expediente que lhe garanta que a
economia brasileira possa ter, agora em 2012, uma taxa de crescimento um
pouco maior que o obtido em 2011.