Terça, 29 de janeiro de 2013
Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, negou
hoje (29) qualquer relação entre o oferecimento da denúncia ao Supremo
Tribunal Federal (STF) contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na
última sexta-feira (25) e a eleição para a presidência do Senado,
marcada para o dia 1º de fevereiro. Calheiros é o nome mais cotado
dentro do partido para disputar o cargo.
“Todos sabem que, no segundo semestre de 2012, o procurador-geral ficou
por conta do mensalão. Isso infelizmente retardou a apreciação não
apenas deste, mas de uma série de outros feitos. E, por isso, só foi
possível agora concluir essa análise e somente agora oferecer a
denúncia. Evidentemente não houve, nem há qualquer intenção que isso
tenha sido feito por essa ou aquela motivação, no momento em que se
aproxima a eleição para a presidência do Senado. Não posso ficar
absolutamente subordinado de forma que uma denúncia só possa ser
oferecida num momento em que não haja nenhum inconveniente político”
disse.
Um dos pontos da denúncia, que está sob segredo de Justiça, diz
respeito às suspeitas de que Calheiros teria utilizado notas frias para
comprovar o pagamento mensal de R$12 mil de pensão alimentícia. O
pagamento era feito por um lobista da empreiteira Mendes Júnior, à
jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha. O escândalo
de corrupção fez com que o parlamentar alagoano renunciasse à
presidência do Senado em 2007. No Supremo Tribunal Federal (STF), a
denúncia vai ser avaliada pelo ministro Ricardo Lewandowski, sem prazo
definido.
Depois de participar da primeira reunião do ano do Conselho Nacional
do Ministério Público, Gurgel disse ainda que deve enviar nos próximos
dias ao "Ministério Público Federal de primeiro grau" os trechos do
depoimento do publicitário Marcos Valério, em que o operador do mensalão
declara ter pago despesas pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Nesse caso, se houver algum acusado com prerrogativa de foro
privilegiado, as investigações poderiam continuar com a
Procuradoria-Geral da República (PGR), mas segundo Gurgel não é isso que
deve acontecer. “Aparentemente, não há o envolvimento de pessoas com
prerrogativa de foro. Premissa que eu devo ratificar nos próximos dias.
Assim, não caberá juízo do procurador-geral da República, e sim de um
procurador da República de primeiro grau”, explicou.
Edição: Carolina Pimentel