Terça,
29 de janeiro de 2013
Por
Ivan de Carvalho
Um dos, digamos assim, eventos foi
uma entrevista concedida à Tribuna da
Bahia pelo senador Walter Pinheiro, do PT. Embora todos os políticos saibam
que ele é um dos pretendentes à sucessão do governador Jaques Wagner, ele deu
respostas aparentemente evasivas.
Mas não chegaram a tanto. O que ele
não poderia fazer agora, sob risco de graves danos políticos e muita dor de
cabeça, seria afirmar-se candidato ao governo baiano. Assim, como a nenhum
outro mandato eletivo será candidato em 2014, preferiu dizer que é candidato ao
trabalho, a ajudar a base política do governo Wagner a “trabalhar unida” em
2013 para que, em 2014, prossiga unida e, sob a liderança de Wagner, saiba
escolher o caminho para a sucessão”.
Impecável. O senador Walter Pinheiro
é competente. Lá com seus botões terá pensado intensamente enquanto fazia tais
declarações: “O caminho sou eu, eu, eu”. Mas isto, se pensou mesmo, guardou
para ele, sabendo talvez – e regozijando-se com isto – que o pensamento cria,
tem uma poderosa força criadora. Na entrevista do senador, nota-se que ele fez
tanto esforço para não dizer que é candidato a governador quanto o que fez para
não dizer que não é.
Um outro evento está relacionado com
o vice-governador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, o segundo maior
partido na Bahia. Veio a Salvador o presidente nacional do PSD, Gilberto
Kassab. Supõe-se que os dois terão conversado sobre a participação do PSD
baiano na administração da presidente Dilma Rousseff, que está abrindo no
momento alguns espaços para o novo partido aliado.
Mas quando os dois conversaram com o
governador Jaques Wagner, o principal assunto foi outro. As eleições de 2014.
Otto disse à Tribuna que a reunião,
rápida, teve como tema central a reeleição da presidente Dilma Rousseff. E
então acrescentou: “Nós reafirmamos a nossa aliança com o governador e
conversamos para a minha manutenção na chapa majoritária de 2014, seja como
vice, seja como senador”. Kassab, contou Otto Alencar, adotou o tom de manter o
alinhamento do PSD com o governo Wagner, posição que é também a do
vice-governador.
“Vou estar presente na chapa
majoritária. Eu quero ir para o Senado Federal”, disse Alencar, chegando a
manifestar seu desejo de trabalhar “nas reformas que o Brasil precisa, como a
do Código Penal”. Apesar disso e de outras referências de Otto Alencar quanto a
ser candidato a senador, Kassab não descartou uma eventual candidatura dele a
governador: “Otto é o nome que o partido quer colocar à disposição da chapa,
mas a candidatura dele só existirá em comum acordo. Nós temos uma aliança
consolidada na Bahia com o PT e outros partidos e três cargos majoritários vão
estar em jogo. Na hora propícia, a aliança vai decidir em qual posição Otto
estará escalado”, disse Kassab ao site
Bahia Notícias.
Se os dois eventos descritos concluem o mês de
janeiro no que se relaciona à sucessão estadual, a reeleição do deputado
Marcelo Nilo para o quarto mandato consecutivo de presidente da Assembléia
Legislativa é o evento inaugural de fevereiro. A nova reeleição reforça a
pré-campanha de Marcelo Nilo como candidato a governador, o único dentro da
aliança governista que proclama sua disposição de concorrer, desde que obtenha
o apoio do governador Jaques Wagner.
Para
obter o apoio de Wagner, a premissa para Marcelo Nilo é o PT – partido do
governador – abrir mão de ter candidato próprio. Sabe-se, não será uma coisa
fácil de ocorrer. O presidente da Assembléia é a principal liderança do PDT
baiano, que tem como presidente Alexandre Brust. O PDT tem 41 prefeitos na
Bahia e a candidatura de Nilo ao governo obteve recentemente o apoio declarado
do presidente nacional do partido, Carlos Lupi.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna
da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.