Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 26 de março de 2014

CULTURA FM: a rádio das bandas de rock de Brasília, que virou chapa branca e sumiu

Quarta, 26 de março de 2014

A rádio que já foi “a cara de Brasília”, um dos mais importantes espaços de manifestação das artes locais, e da música, em especial, agoniza nos ares da cidade como outros espaços culturais – dentre eles, o Museu de Arte de Brasília – MAB. Hoje, a Rádio Cultura FM (100,9 MHz) é vista não como uma emissora pública, mas como rádio chapa-branca. Além disso, fala baixinho, pela falta de equipamentos e de funcionários. Até a data de hoje, 25/3, estava sem comando, mas um novo diretor deve assumirproximamente, trata-se de Nilo Bairros, jornalista concursado da Rádio Senado.
A emissora, sob o comando do Governo do Distrito Federal (GDF), vê sua programação transformada num espaço misto de palanque e carro-de-som para fazer propaganda política das atividades governamentais.
Três secretarias têm boletins na grade da emissora: secretaria de Segurança Pública, secretaria da Copa e secretaria de Saúde. São “noticiários” de 5 a 10 minutos, espalhados por diversos dias e horários, que fazem propaganda das ações dessas secretarias. A chapa branca desta rádio que se apresenta como “emissora pública” inclui ainda “pílulas sonoras” com informes de dois conselhos: o de Desenvolvimento Social e o da Juventude. Pouco jornalismo, muita propaganda.
Neste aspecto a Cultura já foi pior. Por quase 3 anos, ela veiculou às terças-feiras, às 8 horas, o programa “Conversa com o governador, reproduzido em outros dias e horários. No caso, eram “entrevistas” com o governador Agnelo Queiroz, quando ele “prestava contas” das suas atividades. Na verdade, uma encenação. Na “entrevista” o repórter lia perguntas feitas pela equipe de governo e que  o governador já as conhecia. As respostas, também previamente preparadas, eram lidas pelo governador.
O programa, sob produção da secretaria de Comunicação do GDF, não é original. Essa propaganda chapa-branca, camuflada como jornalismo, era uma imitação de programa similar feito pelo ex-governador José Roberto Arruda, que perdeu o cargo e chegou a ser preso por causa do seu envolvimento com o “Mensalão do DEM”. No passado, até o ex-presidente general João Figueiredo uso desta técnica, só que na TV Globo, para tentar obter mais popularidade.