Quinta, 20 de março de 2014
No início da semana, policiais encontraram na casa de Paulo
Roberto da Costa US$ 180 mil e cerca de R$ 720 mil, em espécie;
ex-executivo teria recebido uma Land Rover de doleiro envolvido em
suposto esquema de lavagem de dinheiro
Fausto Macedo e Andrezza Matais
O Estado de S. Paulo
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, 20, no Rio
de Janeiro, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto
da Costa, citado na Operação Lava Jato, deflagrada nessa segunda-feira,
17, para desmontar organização criminosa acusada de lavagem de dinheiro
no montante de R$ 10 bilhões.
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Agência Brasil/Divulgação
Investigações mostram relações próximas do ex-diretor (foto) com doleiro Alberto Youssef
Na segunda-feira, durante a operação, a PF fez buscas na casa de
Paulo Roberto da Costa e encontrou, em espécie, US$ 180 mil e cerca de
R$ 720 mil. Ele também é investigado pelo Ministério Público Federal do
Rio de Janeiro por irregularidades na compra da refinaria de Pasadena,
no Texas, Estados Unidos, pela estatal brasileira. Costa foi um dos
responsáveis por elaborar o contrato da compra da refinaria.
As investigações mostram relações próximas do ex-executivo com o
doleiro Alberto Youssef, também preso na operação e condenado no caso
Banestado - evasão para o exterior de US$ 30 bilhões, nos anos 1990.
Segundo a PF, Youssef teria dado em março de 2013 uma Land Rover a
Paulo Roberto da Costa. O ex-diretor afirmou que ganhou o veículo por
serviços de consultoria prestados e que não há relação com o cargo então
ocupado na estatal. Costa disse ter deixado a Petrobrás em abril de
2012.
A operação cumpriu 24 mandados de prisão, além de apreender
documentação, veículos, obras de arte e joias em 17 cidades de seis
Estados e no Distrito Federal. Entre os presos estava o ex-sócio da
Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado, condenado por envolvimento no mensalão.
Petrobrás. O Estado apurou que Paulo Roberto da Costa tinha mais poderes do que o diretor da Área Internacional, Néstor Cerveró.
Ele foi apontado pela presidente Dilma Rousseff como um dos
responsáveis por repassar ao Conselho de Administração da Petrobras um
resumo "falho" sobre a operação que balizou o voto dela pela compra da
refinaria.
O ex-diretor atuou na estatal por indicação de uma aliança do PP e
PMDB, do grupo de José Sarney. Atualmente, ele tem empresas e uma delas
aluga navios para a Petrobrás. Para o meio político, a prisão de Paulo
Roberto Costa foi considerada um recado que pode ajudar a enterrar a abertura de uma CPI para investigar a estatal.