Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 29 de janeiro de 2022

Cultura FM: o drama dos voluntários

Sábado, 29 de janeiro de 2022

Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna


“O que aconteceu e tem acontecido com os colaboradores da Rádio Cultura FM é um conjunto de grosserias. Falta o mínimo de respeito no trato com quem sempre esteve na emissora construindo seu nome. Nós somos a identidade da Cultura, mas eles não perceberam.”

Por Dioclécio Luz*

A Rádio Cultura FM foi inaugurada em 1988. Naquela época as músicas eram gravadas em long-play, computador não existia. Naquela época ninguém imaginaria que anos depois o país teria um presidente incapaz de falar uma frase inteligente, citado numa CPI como responsável pela morte de 620 mil brasileiros, e que o governador no Distrito Federal seria um aliado dessa figura macabra.

Em 1988 também surgiu o programa Canta Nordeste na Rádio Cultura. A proposta original era tocar a música da região. Depois foi visto que precisava mostrar a região nos seus mais diversos aspectos: social, econômico, político; fauna e flora; alegrias e tristezas. E foi assim até 2021 quando a Secretaria de Cultura e a Rádio Cultura anunciaram seu fim. Em janeiro de 2022 o programa foi expurgado da Rádio Cultura.

O começo de tudo foi uma denúncia feita ao Ministério Público do Tribunal de Contas do DF (TCDF), por um grupo de aprovados no concurso da rádio, questionando a presença de comissionados fazendo o que eles, os selecionados, deveriam estar fazendo. Em 2019 o TCDF abriu o processo, mas desviou-se da rota original: o problema agora não eram os comissionados, mas os voluntários receberem recursos do Fundo de Apoio a Cultura (FAC). O Canta Nordeste, concorreu e por duas vezes foi selecionado, recebendo recursos para manutenção de programas por dois semestres de sua longa história.

O FAC, é importante ressaltar, cobre só uma parte da produção e por um período limitado. O apoio do FAC significou uma ínfima redução nos gastos de produção dos programas por um curto período da história. Ele não paga o que foi investido pelo colaborador em 10, 20 ou 30 anos de programa.