Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 23 de janeiro de 2022

Mãe civilizadora

 Janeiro

23 
Mãe civilizadora
Em 1901, no dia seguinte ao último suspiro da rainha Vitória, começaram em Londres suas solenes pompas fúnebres.
A organização não foi fácil. Merecia uma grande morte essa rainha que havia dado nome a toda uma época e tinha deixado exemplo de abnegação feminina vestindo luto, durante quarenta anos, em memória de seu falecido marido.
Vitória, símbolo do império britânico, dona e senhora do século XIX, havia imposto o ópio na China e a vida virtuosa em sua nação.
No centro de seu império, eram leitura obrigatória as obras que ensinavam a respeitar as boas maneiras. O Livro de etiqueta, de Lady Gough, publicado em 1863, desenvolvia alguns mandamentos sociais da época: era preciso evitar, por exemplo, a intolerável proximidade dos livros de autores com os livros de autoras nas prateleiras das bibliotecas.
Os livros só podiam se juntar se o autor e a autora estivessem unidos em matrimônio, como era o caso de Robert e Elizabeth Barrett Browning.

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”,
2ª edição, folha 37, L&PM Editores.

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24/05/1819 — 22/01/1901