Terça, 1 de março de 2011
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foram impedidos de participar de um seminário que debateu o Código Florestal na última terça-feira (22), na Câmara dos Deputados, em Brasília. A denúncia foi feita pelo jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com a matéria, os pesquisadores apresentariam trechos de um
relatório produzido por um grupo de trabalho científico, do qual a
Embrapa faz parte, sobre impactos na agricultura relativos à alteração
do Código. Um dia antes da atividade, porém, os cientistas teriam
recebido ordens de seus dirigentes para que não falassem.
Entre as principais conclusões do trabalho dos técnicos da Embrapa,
está um estudo que mostra que a ausência de insetos polinizadores
provoca queda de produtividade de 40% a 100% em oito culturas. Se a
vegetação nativa for reduzida no país, os insetos também desaparecerão.
Nesta segunda-feira (28), o presidente do Sindicato Nacional dos
Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf),
Vicente Almeida, enviou uma carta ao ministro da Agricultura, Wagner
Rossi, solicitando audiência para questionar o impedimento à livre
manifestação científica dos pesquisadores da Embrapa, que ajudaram a
elaborar o relatório.
Segundo o órgão, não houve veto, apenas uma "orientação" para que os
cientistas evitassem falar "em nome da Embrapa" sobre o tema, já que
oficialmente a empresa não tem ainda opinião sobre o assunto. Para
Almeida, no entanto, o argumento “esconde a intenção do órgão em impedir
que seus pesquisadores divulguem resultados de estudos que não
corroboram a proposta defendida pela bancada ruralista”.
Ainda segundo ele, “a sociedade tem direito a informação científica
isenta de interesses políticos, econômicos ou quaisquer outros que não
sejam compatíveis com esse direito”.
De Brasília, da Radiagência NP, Sofia Prestes.
01/03/11