Sexta, 1 de junho de 2012
Por Ivan de Carvalho
Foi com grande surpresa,
quase espanto e radiante felicidade que o presidente estadual do PMDB, deputado
Lúcio Vieira Lima, falou no começo da manhã de ontem ao programa Jornal da Bahia no Ar, da Rádio
Metrópole, para manifestar seu entusiasmo por ter sido praticamente despertado
pela notícia de que o âncora do programa, o radialista Mário Kertész, decidira
em definitivo aceitar a missão de ser candidato a prefeito de Salvador pelo
partido que Lúcio preside na Bahia. Surpresa assim seria mesmo inimaginável.
Outro dado importante foi o
telefonema do ex-prefeito Antonio Imbassahy a Mário Kertész, com breve
intervalo entre isto e a entrevista de Kertész a Raimundo Varela, no programa Balanço Geral. Uma sincronia de sinfonia.
Imbassahy não terá a legenda do PSDB para ser candidato, como queria, pois seu
partido decidiu apoiar ACM Neto, do DEM, formando uma coligação na qual poderá
se inserir o PPS. Imbassahy diz que atendendo a recomendação médica está
descansando da política em São Paulo, onde fez uma angioplastia, mas daqui a
poucos dias estará em Salvador, quando conversará com Kertész. O apoio de
Imbassahy é desejado por vários aspirantes.
Nos últimos dias já estavam
claras as indicações de que Kertész aceitaria o encargo da candidatura e, se os
eleitores quiserem, o cargo de prefeito da capital pela terceira vez. Disso até
chegamos a tratar neste espaço, com base numa declaração enfática do próprio
ex-prefeito. Muitos, entretanto, duvidavam.
Com a candidatura de Kertész
fixada, o PMDB sai da desagradável possibilidade de não ter um nome expressivo
para a disputa pela prefeitura de Salvador. E a sucessão do prefeito João
Henrique se altera profundamente. Surge mais um aspirante forte à prefeitura.
Então se tem postos e considerados agora inabaláveis pelo menos os deputados
ACM Neto e Nelson Pelegrino e o ex-prefeito Mário Kertész.
Isso já garante segundo turno, mas está aí ainda
Alice Portugal, do PC do B e há que ver se a candidatura de Kertész abalará ou
não a disposição de seu partido de apresentar candidatura própria a prefeita.
Também estão numa estranha dança de pré-candidaturas balouçantes os deputados
Marcos Medrado, do PDT e Maurício Trindade, do PR. E ainda nesta categoria pode-se
incluir o deputado João Leão, do PP, partido do prefeito João Henrique. Que em
troca de seu apoio precisa de alguém para defender sua gestão. O PT bem que
quer o apoio para seu candidato Pelegrino, mas não parece disposto a defender a
gestão atual na campanha. O PT costuma ter posturas interessantíssimas.
De resto, está aí, resolvendo se vai ou não ser
candidata, a senadora Lídice da Mata, do PSB. Se for à luta, tanto pode mexer
com a candidatura de Alice Portugal quanto complicar especialmente a campanha
do PT. E haverá uma certeza e duas dúvidas. A certeza já existe mesmo sem
Lídice candidata, a realização do segundo turno. A primeira dúvida: quais,
entre ACM Neto, Nelson Pelegrino, Lídice da Mata e Mário Kertész, os dois
candidatos que chegarão ao segundo turno? A outra dúvida? Bem, o comportamento cheio
de surpresas do eleitorado de Salvador é o responsável pela imprevisibilidade (absoluta,
se precoce) do resultado final.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.