Quinta, 28 de junho de 2012
Por Ivan de Carvalho

A primeira dessas
presunções continua existindo, apesar da desistência de alguns partidos em
lançarem candidatos, portanto criando facilidade, ainda que apenas
teoricamente, para que o pleito não seja levado a uma decisão no segundo turno.
Assim é que o PP, que tinha
como candidato o deputado federal e ex-chefe da Casa Civil do prefeito João
Henrique, João Leão, desistiu da candidatura própria para apoiar o candidato do
PT, Pelegrino e indicar o vice em sua chapa, José Mattos, recém- saído da
Secretaria Municipal de Tranportes e Infraestrutura. Foi aí que o prefeito João
Henrique, do PP, numa estonteante manobra que surpreendeu o PT e o próprio PP,
liberou o PTN – que, com o deputado João Carlos Bacelar, presidente deste
partido, comanda a Secretaria Municipal de Educação – para apoiar a candidatura
do democrata ACM Neto e viajou em missão oficial seguida de férias. Um ambiente
de barata voa se instalou no PT e no PP.
Então, o PT entendeu que o
prefeito não apoiaria Pelegrino e que, assim, já não interessava o vice a ser
indicado pelo PP. Pelo contrário, melhor seria que o PP voltasse a ter o
deputado João Leão como candidato a prefeito. A candidatura foi reposta. Mas
faltava o dinheiro para a campanha de Leão. Na terça-feira, o PP ficou sabendo
que o prefeito João Henrique não tinha meios de ajudar o caixa da campanha.
Então o PP resolveu jogar a toalha e voltar a ficar sem candidato e apoiar o do
PT, mas sem indicar-lhe o vice, já que perdera o cacife para isso – e o cacife
do PP, no caso, era o apoio discretíssimo do prefeito João Henrique a
Pelegrino.
Sem o prefeito, com ACM
Neto ganhando o apoio do PTN, que em Salvador tem força eleitoral expressiva, e
montando uma aliança de peso reconhecido, enquanto surgiam indícios precisos de
crescimento da candidatura peemedebista do radialista e ex-prefeito Mário
Kertész, o sinal de alarme acendeu-se no PT. Insinuava-se, melhor dizendo,
insinua-se como consistente, ou pelo menos factível, a hipótese de um segundo
turno em que o petista Pelegrino não esteja presente. Uma disputa entre ACM
Neto e Mário Kertész – o inferno do PT.
Intensificaram-se as
articulações. O PSB da senadora Lídice da Mata acabou com o zum-zum-zum em
torno de sua hipotética candidatura e anunciou que apoia Pelegrino. O deputado
Capitão Tadeu Fernandes, que queria porque queria ser candidato a prefeito pelo
PSB foi solenemente ignorado. O PSC de Eliel Martins foi rapidamente atraído à
mesma coligação, onde o PR do senador César Borges, apesar de todos os
percalços internos por causa dessa decisão, já se incluíra, atendendo a
convites irrecusáveis.
Até ontem, fortíssima era a
pressão para que o PC do B – que desde o começo dizia que dessa vez não ia ter
pra ninguém e que lançaria candidatura própria à prefeitura, a da deputada
Alice Portugal – aderisse. O partido já dava claros sinais de rendição, ante as
fortes motivações apresentadas para uma aliança com os comunistas pelo
governador, segundo o presidente estadual, deputado Daniel Almeida. As
motivações, não reveladas, são óbvias: três candidaturas aptas a irem ao
segundo turno deixarão uma delas fora do segundo turno. O PT faz o que pode
para que não seja a dele.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.