Do Blog do Siro Darlan
           
 O Desembargador Siro Darlan, visando esclarecer o conteúdo da 
reportagem publicada em O Globo no dia 29 de outubro (EDITORIA RIO, 1º 
Caderno, p.15), informa que o perfil comprometido com o respeito aos 
direitos e garantias fundamentais que marcam suas decisões no plantão 
judiciário, onde atua voluntariamente, assim como o fazem vários outros 
ilustres desembargadores mais antigos, é o mesmo que baseia seus 
acórdãos na Sétima Câmara Criminal que preside, e que é uma das câmaras 
mais fiéis aplicadoras dos direitos e garantias constitucionais do 
Tribunal de Justiça. A referida Câmara, através dos cinco 
desembargadores que a compõem e de seus dedicados servidores, mantém um 
invejável índice de 92% das decisões de todos os processos que recebe, 
no prazo médio de 35 dias. Além disso, é responsável pela expedição, até
 o momento, de 735 alvarás de soltura, contra quase mil que foram 
expedidos em 2015, e não foi este o magistrado quem mais os deferiu.
            
 Ultimamente, em razão do alto índice de violência, os juízes têm sido 
cobrados como solução de todos os problemas. Juízes não são justiceiros,
 mas garantidores de direitos. Justiceiros buscam vingança. Juízes 
almejam a paz social. O papel de um juiz é evitar toda forma de 
constrangimento aos direitos dos cidadãos. Por isso, filia-se às ações 
de ressocialização dos que cometem delitos, como as conduzidas pelo Afro
 Reggae e a CUFA, as quais procuram oportunizar meios de retirar 
criminosos do crime. Muitas vezes essa posição é confundida e juízes 
garantistas em todo o Brasil têm sofrido perseguições por suas posições 
doutrinárias na interpretação das leis. Em São Paulo, uma desembargadora
 ilustre está sendo processada por haver soltado um preso que já havia 
cumprido a pena. Em Manaus, outro juiz está sendo acusado de ser muito 
liberal. No Rio de Janeiro, um magistrado está sendo processado por 
haver absolvido um acusado de desacato, emoldurando sua decisão com uma 
música.
           
 A sociedade está vivendo um momento altamente punitivista, e o Brasil 
já tem quase 700 mil presos, sendo 42% presos provisórios. Essa é uma 
medida cara, injusta e que não pacifica a sociedade. Tanto assim, que o 
STF e o Conselho Nacional de Justiça se empenharam na instalação das 
audiências de custódia e tem pregado a redução dessas prisões contra as 
quais a lei prioriza a aplicação das medidas cautelares.
 
          Contudo quando um magistrado aplica essas medidas cautelares, 
cumprindo o mandamento legal, sofre esses recursos que quando amparados 
na lei são perfeitamente compreensíveis, mas quando buscam a condenação 
através do tribunal midiático, para pautar os juízes pela opinião 
publicada, é uma desqualificação do próprio judiciário.
 
 
 
