Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Um Outro — Negodai

Sexta, 16 de agosto de 2019
Publicado no Youtube por
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Poeta, compositor, cantor. Canta o amor. Mas Negodai também canta os desamores da sociedade aos que vivem mais à margem da justiça e inclusão social. No Brasil, artista que é artista tem que ser também um cronista, um observador, do cotidiano do seu povo, principalmente dos segmentos mais desfavorecidos. E Negodai é sim um artista do seu povo. O texto abaixo foi reproduzido aqui no Gama Livre em 5 de junho de 2018.


O pão nosso de cada dia😢😢😢: Por que somos assim? / Por que vivemos essa frieza? / Num canto da padaria a fome, o frio / A voz! A súplica! O pedido! O olhar!

Imagem apenas ilustrativa. Da internet



Poema de Negodai

O pão nosso de cada dia*

Por que somos assim?
Por que vivemos essa frieza?
Num canto da padaria a fome, o frio.
A voz! A súplica! O pedido! O olhar!
É o frio que corta a face mesmo antes do levantar.
A pela suja e fria revela o status
Num cenário que não engana a face.
A frente fria encobre
A frieza que revela o baque.
O cobertor de papelão
Não esquenta o coração
Que aos poucos só enxerga os traços...
Mas, esse amontoado, são corpos!
A injustiça que fere!
A injustiça que bate!
A injustiça que o mate!
A humanidade imunda, imune,
Inunda de culpa o conhecido culpado. 
Ahhhh...
É mais fácil dá um trocado que ter que lhe olhar à face.
A súplica do frio não esconde o estrago.
Talvez um saco de pão não resolva o caso.
Ei, por favor, alivie esse fardo.


* O poeta Negodai se inspirou numa situação real que observou às 6 horas da manhã desta terça (5/6/2018) de frio na Padaria Roma, a que fica localizada na Quadra 1 do Setor Sul do Gama, DF. Numa das principais avenidas da cidade, a Avenida dos Pioneiros.