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(Millôr Fernandes)

sábado, 17 de agosto de 2019

UPA terceirizada custa o mesmo que Hospital Regional gerido pelo Estado

Sábado, 17 de agosto de 2019
“Como pode”, questiona deputada sobre suposta economia com Organizações Sociais, que os governos adeptos da terceirização gostam repetir ao justificar a mudança no modelo de gestão

Do
Ataque aos Cofres Públicos
Com Fonte: Portal Mídia  

Não precisa ter mente brilhante para chegar a mesma conclusão da deputada estadual Camila Toscano (PSDB), da Paraíba, ao questionar os valores repassados a uma organização social na cidade de Guarabira.
Camila participou de audiência pública com a presença do secretário Estadual da Saúde, Geraldo Medeiros, na tarde da última quarta-feira (14), na Assembleia Legislativa. Na ocasião ela questionou Medeiros sobre quais motivos levam o Estado a repassar praticamente o mesmo valor de recursos para custear as despesas do Hospital Regional de Guarabira e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no município, que é gerida por uma Organização Social.
“Sempre tive uma dúvida muito grande sobre essa economia que dizem que as OS trazem para o Estado. Eu trago o exemplo da minha cidade, Guarabira, que tem um hospital regional, que como o nome diz, atende toda a região e presta os mais diversos tipos serviços, como a realização de cirurgias, área de internação, UTI e outros procedimentos. Guarabira também conta com uma UPA, que presta serviços mais rápidos, de natureza bem menos complexa. Mas, o Estado repassa para a UPA o mesmo valor que repassa para o Hospital Regional. A diferença é que a UPA é gerida por uma Organização Social e o Hospital, pelo próprio Estado”, chama atenção a deputada.
Para ela, pela complexidade da natureza de atendimento das duas unidades, não há dúvidas que o hospital deve custar bem mais ao Estado. Porém, com a gestão feita por uma OS inclui lucro, há um valor superestimado nos contratos. Como há pouca transparência e praticamente nenhuma fiscalização, nada acontece. A sangria nos cofres públicos segue sem problemas.
“Não entendo como o Estado insiste em terceirizar os serviços via OS se ela custa muito mais aos cofres públicos. Onde está a economia?”, questionou a parlamentar, conforme publicou o site Portal Mídia.
“E não me parece correto que uma UPA receba o mesmo valor que um Hospital que atende a toda uma região, com serviços bem mais complexos. Isso me leva discordar que a UPA não seria nociva ao nosso Estado. Ela é sim, a partir do momento que custa mais e com a Operação Calvário nós entendemos o porquê”, continuou.
A UPA é gerida pelo Instituto Acqua. A organização social, que já atuou na maternidade de São Vocente (SP) tem sido alvo de notícias que mancham sua reputação. Veja algumas:
Calvário
A Operação foi desencadeada no dia 14 de dezembro passado, pelos órgãos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ/Gaecc-RJ), da Paraíba (MPPB/Gaeco) e de Goiás (MPGO-Gaeco) para investigar desvios de recursos envolvendo a OS Cruz Vermelha Brasileira, filial do Rio Grande do Sul, e o Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (IPCEP). Na Paraíba, onde a Cruz Vermelha administra o Hospital de Emergência e Trauma da Capital, a operação teve uma segunda fase, desencadeada em 1º de fevereiro, para cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão.

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