Segunda, 29 de outubro de 2012
Do Instituto Humanitas Unisinos
“A legitimação com base no discurso da Copa do Mundo é um elemento que acaba tornando indiscutíveis as intervenções que estão em curso, apesar do seu forte impacto sobre a reestruturação urbana das cidades”, aponta o sociólogo.
Confira a entrevista.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Junior enfatiza que o “legado social”, anunciado como “desenvolvimento do país e desenvolvimento urbano, esconde um outro legado: o risco de, ao final desse processo, as cidades estarem mais elitizadas e, portanto, aprofundar a segregação urbana historicamente presente nas cidades brasileiras”. Segundo o pesquisador, a governança dos projetos está “voltada para a mercantilização das cidades”, e eles são viabilizados através de parcerias público-privadas, onde o Estado é o principal financiador. “Não é mais a cidade como um todo o objeto da preocupação do poder público, mas as áreas da cidade que têm capacidade de atrair investimentos”, lamenta.
Orlando Alves dos Santos Junior também comenta a Medida Provisória 584, editada neste mês, e enfatiza que ela surge num “contexto de destruição criativa” promovido pela “governança empreendedorista neoliberal”. E acrescenta: “Estão criando regulações que se subordinam à lógica do mercado, e com isso cria-se uma lei de exceção”.
Orlando Alves dos Santos Junior é graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense – UFF, mestre e doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Leciona no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – IPPUR/UFRJ, e é pesquisador da Rede Observatório das Metrópoles.