Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Brasília, capital dos bicos

Sexta, 21 de fevereiro de 2020
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna


Cada vez mais rara, oferta de emprego na capital provoca filas quilométricas. Foto de Ana Rayssa CBD-APress

Altas taxas de desemprego, baixos índices de performance econômica do Comércio, Construção Civil e do setor de Serviços levam, cada vez mais, trabalhadores a viverem na informalidade.

Por Chico Sant’Anna
Em 2019, o Distrito Federal teve a maior taxa de informalidade em 4 anos. Ou seja a cidade virou o ano com o título de Capital dos Bicos. Para qualquer governo, o sucesso de sua gestão depende de que as pessoas tenham comida, saúde, educação e moradia. Portanto, possuir emprego e renda é uma necessidade. E a realidade candanga nesse início de segundo ano da gestão Ibaneis não é das mais positivas. A taxa de desemprego aferida pelo IBGE no Distrito Federal, referente ao quarto trimestre de 2019, foi de 12,5%, equivalente a 208 mil pessoas. Ela é superior a do último trimestre do governo Rollemberg, 12,1%. Isso significa que a Capital Federal ganhou 10 mil novos desocupados. E só não foi maior pelo fato de muitos trabalhadores terem optado em fazer bico e aí, nessa condição, não são computados como desempregados.

Os indicadores locais e nacionais demonstram que eram falsos os discursos que justificavam a aprovação da reforma trabalhista, no governo Temer, e da Previdência, agora na gestão de Bolsonaro. Nacionalmente, a União tem sido obrigada a sacar das reservas cambiais acumuladas nos governos Lula e Dilma, para honrar com seus compromissos financeiros. Dos 390,5 bilhões de dólares acumulado nos dois governos, o Banco Central já consumiu até o final do ano passado US$ 36,9 bilhões das reservas internacionais. Isso se deve em grande parte pela desconfiança dos investidores estrangeiros que repatriaram, em 2019, US$ 44,8 bilhões.

A economia nacional não está bem, apesar do governo federal buscar dizer o contrário, e a candanga não está diferente. Em alguns casos está em piores condições do que outras partes do Brasil. Um dos principais setores geradores de emprego, o setor de Serviços, fechou o ano no vermelho. No confronto com igual mês do ano anterior, a atividade econômica decresceu 5,9%, em dezembro de 2019, o que pode ser um indício de maus resultados para 2020. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo IBGE.