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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O FEITIÇO VIRA CONTRA O FEITICEIRO. SAI O RESULTADO 2019 DA PETROBRÁS

Quinta, 20 de fevereiro de 2020
Por
Cláudio da Costa Oliveira*

A Administração da Petrobrás publicou nesta quarta-feira (19) informações sobre o resultado da empresa em 2019. Falta ainda a publicação de alguns dados relevantes, como as demonstrações em dólares.

O Presidente Castello Branco divulgou a mensagem com o título “O PRIMEIRO ANO DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA NOVA ESTRATÉGIA”.

“UMA NOVA ESTRATÉGIA”??? Desculpe-me Sr. Presidente, mas o Sr. está querendo se apropriar de conquistas dos seus antecessores.

Na verdade a atual estratégia teve início em 2016, cujas bases, “brilhantemente” implantadas por Pedro Parente, estão em vigor até hoje, quais sejam:

- A “jabuticaba” da métrica “dívida líquida/ebida ajustado”, fajuta e extemporânea como mostramos no artigo:

- A “jabuticaba” da política de preços baseada no Preço de Paridade de Importação – PPI. Um crime que vem sendo praticado contra a população brasileira, a própria Petrobrás e à economia da Nação, como mostramos no seguinte artigo, que incorpora a compreensão dos caminhoneiros brasileiros em carta encaminhada ao Presidente Bolsonaro; 

Após discorrer longamente sobre o desempenho dos papéis da companhia na Bolsa de Valores, que é um cassino de apostas e nada tem a ver com a realidade da empresa. E onde a palavra chave é “dividendo” esteja a empresa bem ou mal. O Presidente Castello Branco passou para a apresentação do “me engana que eu gosto” com frase esclarecedora de suas intenções “Nossas atividades geraram em 2019 um lucro líquido de R$ 40 bilhões, o maior da história da Petrobras”.

Será que ele não sabe? Será que ele esqueceu? O resultado de R$ 40 bilhões foi obtido com R$ 24 bilhões de lucro com venda de ativos, principalmente com a TAG, e R$ 14 bilhões com a venda do controle da BR Distribuidora. Ou seja, dos R$ 40 bilhões, R$ 38 bilhões nada tem a ver com o desempenho da companhia.

Mesmo assim, no período, foram distribuídos mais de R$ 10 bilhões aos acionistas, mostrando ao mercado o empenho do Presidente que, na falta de lucro, vende ativos para pagar dividendos. Maravilha!.

Mas o Presidente tem também os seus méritos, em apenas um ano de administração quebrou recordes históricos, vejam:

LIQUIDEZ CORRENTE
Este tradicional indicador da capacidade da empresa cumprir com seus compromissos de curto prazo é apurado pela divisão do Ativo Corrente pelo Passivo Corrente. Quanto maior o indicador, mais confortável a situação financeira da empresa. A seguir os dados históricos:

Liquidez Corrente Petrobrás

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
1,9 1,8 1,7 1,5 1,6 1,5 1,8 1,9 1,5 0.95

Parabéns Presidente Castello Branco, o recorde de menor liquidez corrente da história da companhia é seu!

ESCONDENDO FATOS HISTÓRICOS

O Presidente Castello Branco é um mestre em esconder dados positivos da companhia. Assim não existe qualquer comemoração nem mesmo divulgação quando entram em produção novas plataformas, pois são efeitos da descoberta do pré-sal, que os administradores atuais não tiveram qualquer participação, e dos investimentos feitos no período 2009 a 2014, quando foram investidos mais de US$ 250 bilhões.

E o Presidente Castello Branco vai além. Qualquer empresa petroleira no mundo que ganhasse o prêmio da OTC, principal prêmio da indústria de petróleo e gás, procuraria divulgar o fato o mais rapidamente possível e na maior intensidade.
  
A Petrobrás, pela quarta vez, ganhou o prêmio, que foi anunciado no final de semana (8/9 de fevereiro de 2020). No dia 11 publiquei artigo com a pergunta: “Será que vão vender o prêmio também?” 

Recebi muitas ligações de petroleiros, inclusive lotados no CENPES, perguntando onde eu havia obtido a informação, pois ninguém havia sido informado do fato.

Só no dia 12 a direção da companhia divulgou (fatos e dados) o recebimento do prêmio. Sem qualquer comemoração.

Seria porque toda a tecnologia foi desenvolvida antes de 2016, sem qualquer participação dos atuais administradores que hoje estão mais preocupados em destruir tudo, inclusive o próprio CENPES?

Muitos amigos me perguntam se o problema da Petrobrás hoje é que a empresa está sendo administrada como uma empresa privada.

Não é verdade, pois a empresa privada não cria política de preços para entregar seu mercado aos concorrentes, assim como não vende ativos que rendem mais de 20% ao ano para amortizar divida que custa menos de 7% ao ano.

Por outro lado, numa empresa privada, se o Presidente, no dia da posse, falasse que seu sonho é vender a empresa, seria demitido na mesma hora.

Outros me perguntam se o problema é que esta Direção só está preocupada com a remuneração dos acionistas.

Também não verdade. Se fosse assim estariam investindo para aumentar a capacidade de produção da companhia para 10 milhões de barris dia em 2030.

Mas então qual é o objetivo da atual administração? Simplesmente dilapidar a companhia e isto eles vem fazendo bem.

Cláudio da Costa Oliveira
Economista aposentado da Petrobrás