Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Olha que relíquia . . . Trio Elétrico Marajós, 1974, em Nazaré das Farinhas, cidade do recôncavo baiano

Quarta, 19 de fevereiro de 2020

Vídeo publicado no Youtube pelo Canal Gersinho Rocha. Salve ele!

Recebi nesta noite de 19/2/2020 essa relíquia de vídeo (acima). Meu colega de UFBa —Universidade Federal da Bahia— é quem mandou. Sabia ele que a emoção seria grande, pois já pulei muito, e muito, atrás (não só atrás, mas dos lados e na frente também) do Trio Elétrico Marajós (e de muitos outros). Verdade que não foi em Nazaré das Farinhas, mas em Salvador, capital da Bahia.

Saindo do Campo Grande pela Rua Forte de São Pedro, caindo na Avenida Sete de Setembro, desembocando na Praça Castro Alves e passando ao lado da escultura do Poeta dos Escravos. Logo adiante pegando um pequeno trecho da Rua Chile, entrando logo depois na Rua da Ajuda, atingindo a Rua José Gonçalves, rua que desemboca na Praça da Sé. 

Na Praça da Sé o retorno para o Praça do Campo Grande, onde tem a escultura do Caboclo, herói da Independência da Bahia. Mas antes de chegar ao Campo Grande, muito frevo, muito pulo, muita alegria. Da Praça da Sé, saindo pela Rua da Misericórdia o Trio alcançava a Praça Municipal, onde tem o Elevador Lacerda, a Prefeitura de Salvador, a Câmara de Vereadores e o Palácio Rio Branco, sede do governo do Estado. Aí, normalmente o chão voltava a tremer com toda a força. Depois de alguns minutos nessa praça, a alegria entrava na Avenida Chile, atingindo novamente a Praça Castro Alves. O chão da praça voltava a balançar, enquanto que a brisa do mar aliviava o calor sentido pelos foliões. Mais alguns minutos ali, minutos que poderiam ser até uns 30, e o furdunço deixava a praça do Poeta dos Escravos e entrava na Avenida Carlos Gomes, paralela à Avenida Sete de Setembro. Enquanto isso, pela Avenida Sete de Setembro outros trios faziam o sentido inverso.

O Trio Elétrico Marajós (pois estou mais especificamente falando dele) e os foliões seguiam pela Avenida Carlos Gomes, e um pouco depois de atingir o Largo dos Aflitos, pegavam novamente a Avenida Sete Setembro, agora na direção da Praça do Campo Grande. E no Campo Grande...o couro também comia. Muitas vezes os trios paravam somente mais adiante do Campo Grande, no Corredor da Vitória. Quando o trio parava para os músicos descansarem, e outro trio estava saindo em direção à Praça da Sé/Praça Municipal, a correria era boa. Os foliões deixavam o Marajós descansando e iam atrás do outro pois, afinal com dizia o Mano Caetano, "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu". E como eu ainda não tinha morrido e, graças a Deus e aos Orixás da Bahia não morri até hoje, cumpria a missão de ir atrás do trio elétrico. 

E essa missão era cumprida praticamente nos seis dias de Carnaval de Salvador, cuja abertura oficial acontecia na noite de quinta-feira antes do domingo de Carnaval. E olha que mesmo antes da quinta-feira da abertura oficial da festa de Momo, as festas populares da Bahia já tinham trio elétrico dando as caras. As caras e o som. Hoje o Carnaval baiano passa dos dez dias.

Abaixo uma imagem mostrando o circuito Osmar/Campo Grande, o que tentei acima relatar.

Clique na imagem abaixo para melhor visualizá-la.

Observação:
Sempre, e sempre, pulei o Carnaval de Salvador, usando a fantasia MORTALHA, que era um chambre, uma túnica. A fantasia do meu tempo de Bahia. No vídeo acima em que aparece o Trio Elétrico Marajós tocando, em 1974, em Nazaré das Farinhas, cidade do Recôncavo Baiano, você pode ver alguns foliões usando a mortalha. Depois, muito tempo depois, é que inventaram o abadá. E a mortalha morreu de morte matada. Mas que ainda tenho saudades das minhas, tenho.