Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Evo Marales propõe processar o FMI na Justiça

Terça, 19 de outubro de 2010
Do site "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Portal Terra divulga a intenção do Presidente da Bolivia Evo Morales de processar judicialmente o FMI pelos danos causados ao país, devido ao receituário de medidas de ajuste neoliberal e de privatizações nos anos 90. Segundo Morales, "cedo ou tarde, o Fundo Monetario Internacional deverá ressarcir os danos econômicos".
Enquanto na Bolivia o presidente deseja questionar na justiça o FMI, no Brasil o atual governo se orgulha de ter pago antecipadamente a dívida com este organismo ilegítimo: em entrevista ao Jornal Nacional, a candidata do PT à presidência Dilma Rousseff afirmou que tal pagamento faria parte de um “projeto que transformou o Brasil”. Porém, cabe ressaltar que, mesmo tendo pago o FMI, o país manteve as medidas preconizadas pelo Fundo (como o “ajuste fiscal”), e jamais reverteu as reformas neoliberais já implementadas pelo atual governo, como as da Previdência, Tributária, Lei de Falências, além das privatizações (vendas de poços de petróleo, bancos federalizados, estradas, parcerias público-privadas, etc).
Além do mais, a dívida com o FMI – que representava uma ínfima parcela da gigantesca dívida pública brasileira - foi paga às custas de mais endividamento interno, que paga as taxas de juros mais altas do mundo aos rentistas.
A prova de que a dívida permanece como um sério problema para o país é que hoje o Ministro da Fazenda anunciou mais duas medidas para tentar conter a enxurrada de dólares que entram no país para ganhar com a dívida “interna”, conforme mostra o Portal G1. O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi aumentado novamente (de 4% para 6%), sobre a entrada de capital estrangeiro em “renda fixa” (ou seja, dívida pública), enquanto o IOF sobre as operações no “mercado futuro” também foi aumentado de 0,38% para 6%.
O que confirma os comentários feitos por esta seção (nos dias 5/10 e 7/10/2010) ao aumento de 2% para 4% do IOF sobre as aplicações dos estrangeiros em dívida pública. Nestes dias, a Auditoria Cidadã da Dívida afirmou que eram “necessárias medidas bem mais contundentes para frear este movimento especulativo” e que o mercado futuro poderia ser uma forma dos especuladores fugirem deste imposto.
Por fim, o Jornal Nacional também mostra a guerra da população francesa contra a reforma da previdência proposta pelo Presidente Nicolas Sarkozy, que aumenta a idade para a aposentadoria. O Jornal Nacional apenas reproduz de forma acrítica a afirmação de Sarkozy de que “a mudança é essencial para equilibrar as contas da previdência”, sem ressaltar o fato de que, quando são os banqueiros que precisam "equilibrar suas contas", os governos (inclusive os da União Européia) imediatamente  dão trilhões e trilhões de dólares de ajuda, às custas da explosão da dívida pública.
Para depois fazer os aposentados pagarem esta dívida ilegítima.
- - - - - - - - - - - -