Sábado, 23 de outubro de 2010
Por Ivan de Carvalho

Claro que não dá para dizer que a candidata do PT, Dilma Rousseff, já ganhou. Afinal, muita gente andou dizendo isso sobre à eleição dela já no primeiro turno e o que se viu foi ela, com o PT e o governo, caírem do cavalo e terem que prosseguir na corrida para a votação em segundo turno.
Convém, por isto, fazer sempre as devidas ressalvas. O incidente (agressão pela militância do PT) ocorrido com o candidato da oposição, José Serra, em Campo Grande, cidade do Rio de Janeiro, é o tipo de fato que, não isoladamente, mas somado a outros, poderia ter o potencial de equilibrar a balança.
Mas o fato é que, depois de ficar quase equilibrada nos dias que sucederam à votação em primeiro turno, a balança está no momento desequilibrada em favor da candidata petista e não existem fatos previstos ou previsíveis capazes de restabelecer o equilíbrio. Hoje, Dilma é favorita e José Serra é o azarão. Se ganhar, é zebra.
Uma breve tentativa de entender o que ocorre. A petista Dilma, apesar das opiniões em contrário dos institutos que fizeram pesquisas eleitorais, passou a segunda quinzena de setembro perdendo votos. Principalmente por causa de quatro fatores:
1) o caso de corrupção (tráfico de influência, propina) que atingiu a própria Casa Civil da presidência da República e envolveu a então ministra-chefe Erenice Guerra, “braço direito” de Dilma Rousseff.
2) a questão religiosa, que mobilizou setores católicos e evangélicos, envolvendo questões como a descriminalização do aborto, a criminalização da “homofobia” – gerando aqui o temor de cerceamento da liberdade religiosa –, entre outros temas.
3) a descoberta dos eleitores de que a candidatura de Marina Silva poderia ser a opção para os votos dos eleitores que não tinham entusiasmo nem por Dilma nem por Serra.
4) a linguagem e a postura agressivas e autoritárias do presidente Lula nos palanques, agredindo principalmente a imprensa – cuja avaliação,k segundo as pesquisas de opinião pública, rivaliza com a sua – e reavivando o temor de que o PT venha a por em prática sua diretriz programática de censura à imprensa (sob o nome “controle social da mídia”, lobo vestido em pele de cordeiro).
1) o caso de corrupção (tráfico de influência, propina) que atingiu a própria Casa Civil da presidência da República e envolveu a então ministra-chefe Erenice Guerra, “braço direito” de Dilma Rousseff.
2) a questão religiosa, que mobilizou setores católicos e evangélicos, envolvendo questões como a descriminalização do aborto, a criminalização da “homofobia” – gerando aqui o temor de cerceamento da liberdade religiosa –, entre outros temas.
3) a descoberta dos eleitores de que a candidatura de Marina Silva poderia ser a opção para os votos dos eleitores que não tinham entusiasmo nem por Dilma nem por Serra.
4) a linguagem e a postura agressivas e autoritárias do presidente Lula nos palanques, agredindo principalmente a imprensa – cuja avaliação,k segundo as pesquisas de opinião pública, rivaliza com a sua – e reavivando o temor de que o PT venha a por em prática sua diretriz programática de censura à imprensa (sob o nome “controle social da mídia”, lobo vestido em pele de cordeiro).
Bem, no momento quase não se fala no Caso Erenice, que a Polícia Federal engavetou, o PT e o governo fizeram e continuam fazendo uma grande ofensiva para contornar a questão religiosa (a ponto de o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, que apóia Dilma, defender literal e abertamente o aborto – vídeo na Internet), os eleitores de Marina já se acomodaram e Lula mudou a linguagem, parou de ameaçar, como vinha fazendo quando, na campanha do primeiro turno, imaginava que ninguém poderia tirar a vitória de sua candidata.
Daí, Dilma consegue se recuperar.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.