Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O jacá do Jucá da Conab

Quinta, 4 de agosto de 2011
A faxina necessária ainda não chegou ao Ministério da Agricultura. Por enquanto estamos, parece, no início da lavagem de roupa suja. Os patrões ainda estão discutindo quem se sujou menos ou mais.
 
Num segundo round —pois o primeiro foi aquele em que a revista “Veja” denunciou falcatruas no ministério, com o pagamento de milhões de reais a uma empresa fantasma em nome de um pedreiro e de um vendedor de carros— Oscar Jucá Neto baixou o sarrafo no ministro Wagner Rossi, acusando-o inclusive de ter oferecido dinheiro para o primeiro.

Segundo Oscar Jucá, irmão do sempre líder do governo de plantão, o senador Romero Jucá (PMDB/Roraima) —foi líder do governo de FHC, de Lula e é agora também do de Dilma, e quando outro houver possivelmente continuará na função— a corrupção no Ministério da Agricultura seria comandada pelo próprio ministro Wagner Rossi. Há, segundo o denunciante, um consórcio entre o PMDB e PTB visando os “esquemas” na Agricultura, mais especialmente na Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento.


O senador Gim Argelo (PTB-DF), que ganhou o cargo de senador com a renúncia de Joaquim Roriz, seria um dos políticos do partido que tem forte ingerência nos negócios da Conab, isso segundo o denunciante.
 
O ministro Wagner Rossi sentiu o peso da acusação de que na Conab “só tem bandido” e, em segundo round, foi ontem à Câmara dos Deputados se defender. Acusou o irmão do líder do governo Dilma de ter cometido “gravíssimas” irregularidades.
 
O estranho, estranhíssimo, foi que o ministro apesar de considerar que seu subordinado cometeu gravíssimas irregularidades, só tenha pedido a exoneração após as denúncias da revista “Veja”. Isso pode dar a entender, se não é que dá a certeza, que ele só saiu do cargo de diretor da Conab em razão das denúncias da imprensa. Para um governo que se diz ético, se isso for verdade, é lamentável.
 
Sabe-se que Oscar Jucá Neto tem muito mais munição. Se vai utilizá-la é outra história.
 
Tem gente achando que ele é pau-ferro (um dos significados da palavra jucá). Se assim for, ainda vai dar muito trabalho para o ministro e o governo Dilma.
 
Mas há quem jure que o Jucá do irmão do líder do governo Dilma está mais para os seus ancestrais. Já estaria, a essa altura, extinto. Jucá era indivíduo dos jucás, povo indígena extinto que habitava as margens do rio Jaguaribe, no Ceará. Estado de origem dos Jucás de Roraima.
 
Mas que se sabe que o Jucá da Conab é um verdadeiro jacá cheio de informações escandalosas sobre o que se passa na Agricultura, sabe-se. Que despeje, então, a carga desse jacá. 
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