Quinta, 29 de março de 2012
Da Pública Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Após denúncia ao Ministério Público,
trabalhadores da Arena Amazônia fazem paralisação e são demitidos. A
Pública falou com dois ex-funcionários da obra. Ambos falam em descaso e
assédio.
O mecânico V. (que não quer se identificar por temer represálias
de seus ex-patrões), 43 anos, trabalhou durante um ano e um mês nas
obras da Arena Amazônia em Manaus. Hoje, move um processo contra a
empresa Andrade Gutierrez por danos morais. Ele entrou em contato com a
Pública após a publicação da entrevista com o procurador do Ministério Público do Trabalho, Jorsinei Dourado, a respeito da denúncia de 500 trabalhadores da Arena sobre maus tratos sofridos no emprego.
V. diz que hoje toma remédios controlados para depressão e ansiedade,
além de ter ficado com danos irreversíveis na coluna devido a uma lesão
que sofreu na obra por carregar muito peso: “Mandaram quatro mecânicos
embora e eu tive de fazer o trabalho deles sozinho” conta. Ele também
diz que quebrou o dedo em um acidente de trabalho e, além de não ter
sido socorrido, descobriu que não tinha convênio médico – apesar do
valor correspondente ao benefício ter sido descontado do salário durante
todos o período em que trabalhou lá: “Quando fui questionar a chefia
sobre isso, fui demitido” lembra V., que hoje faz entregas com sua pick up para sobreviver.
“Não tenho curso superior, mas sei como o ser humano deve ser tratado e lá eu fui tratado como cachorro”