Quinta, 29 de março de 2012
Por Guilherme de Oliveira*
A ditadura civil-militar completa 48 anos sem que ela tenha realmente
acabado. Dentre o rol de crimes, no dia 28 de março de 1968 a repressão
assassinou a sangue frio o estudante Edson Luís e nós estudantes
seguimos de luto e com certeza na luta. Hoje o Juntos! foi paras ruas
mostrar que a juventude lutadora esta viva e jamais irá esquecer de
jovens como o companheiro Edson, que foi assassinado por lutar contra a
ditadura. Sua luta não acabou e nós estamos aqui para cobrar justiça. Os
militares seguem comemorando o que chamam de revolução, os militantes
de esquerda e aqueles que tinham a possibilidade de ser seguem
desaparecidos, os agentes do terror que cometeram uma série de crimes
seguem impunes. Nomes de ditadores militares são homenageados em placas
de ruas e avenidas, jornais ignoram o fato de não ter existido eleições
democráticas no período da ditadura e chamam os fascistas de
presidentes. O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de
Direitos Humanos, ligada à
Organização dos Estados Americanos
(OEA), pela violação de direitos fundamentais e nada até agora foi
feito. Argentina e Uruguai colocam os militares criminosos na cadeia. No
Brasil o governo acena com uma tímida Comissão da Verdade que pouco
pode fazer se não for combinada com a Justiça.
Todos os anos quando se aproxima o final de março os ventos do
passado voltam a soprar mais fortes. Pessoas que ousaram lutar por uma
sociedade mais justa, igualitária e sem que houvesse exploração do homem
pelo homem, se fazem mais presentes apesar do esforço dos agentes do
terror em deixar-las no passado. Militares saudosos do tempo em que a
lei da bala era o código civil e penal, a burguesia nacional e as
multinacionais imperialistas sentem um desconforto e um verdadeiro medo
de serem julgadas e ocuparem os seus devidos lugares de assassinos na
história. O medo não é sem sentido, a justiça não é sem tempo. Nada
podemos esperar desta justiça burguesa que nada mais faz do que
legitimar os crimes da classe dominante. A justiça é nas ruas, é na luta
contra aqueles que patrocinaram e mantiveram a ditadura militar. Tão
valentes se dizem nos campos de batalha, tão impunes se dizem atrás das
suas fortunas, mas tão covardes se tornam quando se fala em verdade e
justiça. Sabem que seus crimes conexos em nada tem conexão com o que
aconteceu. Como pode o Estado permitir que para um crime de assalto se
puna com estupros, assassinatos, torturas, desaparecimentos? Que
inclusive na falta de um delito, mas na desconfiança de um se aplique a
pena capital? Essas respostas não devemos cobrar na justiça, a qual não
tem a capacidade de julgar nem o terrorista Curió, responsável pelo
assassinato de 62 militantes que seguem desaparecidos. Essas respostas
devemos cobrar na luta contra o sistema, pois só derrotando o
capitalismo poderemos execrar do poder terroristas como o Nelson Jobin e
o Delfim Neto que seguem de mãos dadas com o judiciário e o governo.
Queremos enterrar nossos mortos, queremos saber onde os fascistas os
esconderam. Queremos ainda conscientes os agentes do terror na cadeia
pelos crimes que cometeram, pois não é possível que eles passem a
velhice comemorando lembranças de torturas e estupros impunemente. Somos
aqueles que sobreviveram, que morreram lutando contra a ditadura
civil-militar. Nossos heróis apesar de não serem nomes de ruas, seguem
sendo reivindicados e assim sempre serão enquanto existir um militante
de esquerda vivo no Brasil.
Os militares tentaram acabar com o
socialismo no Brasil, mas se esqueceram que se pode matar um homem,
nunca uma causa!
Ousar lutar, ousar vencer!
* Guilherme de Oliveira é presidente do Centro Acadêmico de Comunicação Social da PUCRS e militante do Juntos!