Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A corrupção é o maior problema do Brasil?

Terça, 24 de fevereiro de 2015
Do Facebook de Aldemario Araujo
Aldemario Araujo
A CORRUPÇÃO É O MAIOR PROBLEMA DO BRASIL?

No início do mês de fevereiro de 2015, 79 (setenta e nove) estudantes de Direito da Universidade Católica de Brasília, de três turmas distintas, responderam a um questionário onde se indagava qual o principal problema do Brasil na atualidade.

As principais respostas foram:

Corrupção 43,03%

Educação deficiente 21,51% 

Gestão pública deficiente 7,59%

Sistema político deficiente 7,59%

Desigualdade socioeconômica 6,32%

Dívida pública 2,53%

Saúde deficiente 2,53%

Essa foi uma das mais emblemáticas explicações para a corrupção ser apontada como o principal problema do Brasil na atualidade:

"... através dela temos uma escasses (sic) em verba pública, ou seja, o dinheiro que seria destinado para a saúde, educação, transporte e outras coisas mais, está indo para os bolsos dos políticos, para seus luxos".

Percebe-se, nesse levantamento e em inúmeros outros, uma avaliação generalizada no sentido de que níveis bem menores de corrupção permitiriam a aplicação de recursos públicos suficientes nas áreas ou serviços mais importantes para a população (educação, saúde, transporte, etc).

Não comungo dessa visão amplamente disseminada. Já afirmei (no texto O COMBATE EFETIVO À CORRUPÇÃO EXIGE PROPOSTAS ESPECÍFICAS, disponível em http://www.aldemario.adv.br/corrupcaopropostas.pdf):

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"De todos, creio que o mais relevante dos problemas do Brasil consiste na apropriação profundamente desigual da riqueza produzida, viabilizada por um conjunto de mecanismos políticos, sociais e econômicos cuidadosamente construídos e mantidos pelas elites dirigentes".

"Dados do Censo 2010 (http://www.ibge.gov.br) indicam que os 10% mais pobres ganhavam apenas 1,1% do total de rendimentos. Já os 10% mais ricos ficaram com 44,5% do total. O rendimento médio no grupo do 1% mais rico: R$ 16.560,92. A renda média mensal per capita foi calculada em R$ 668. Entretanto, metade da população recebia até R$ 375 por mês, valor inferior ao salário mínimo oficial em 2010 (R$ 510)."

"Eis as principais características do modelo implementado (algumas delas profundamente articuladas): câmbio flutuante; metas de superávit primário; metas de inflação; intenso endividamento do Estado; juros altíssimos; desnacionalização do parque produtivo; financiamento externo baseado na exportação de minerais e produtos agrícolas; atração de recursos financeiros oriundos da especulação internacional; sistema tributário profundamente injusto; profunda concentração e elitização da grande imprensa; elevada distorção e deterioração da estrutura político-partidária; considerável descaso com a necessidade de uma profunda e abrangente revolução educacional; baixíssima atenção para com os mecanismos de planejamento e gestão eficiente das ações do Poder Público, notadamente em setores estratégicos; significativo desprezo pelo meio ambiente e o cultivo de uma “cultura” baseada em valores extremamente deletérios, tais como o consumismo, a ditadura da aparência e das mais mais variadas formas de futilidade e superficialidade e um certo incentivo à violência física e simbólica."