Quinta, 26 de abril de 2015
(Jornal
do Brasil) - A agência de classificação de “risco" Moody´s acaba de
rebaixar a nota de crédito da Petrobras de Baa2 para Ba2, fazendo com
que ela passe de "grau de investimento" para "grau especulativo".
Com
sede nos Estados Unidos, o país mais endividado do mundo, de quem o
Brasil é, atualmente, o quarto maior credor individual externo, a
Moody´s é daquelas estruturas criadas para vender ao público a ilusão de
que a Europa e os EUA ainda são o centro do mundo, e o capitalismo um
modelo perfeito para o desenvolvimento econômico e social da espécie,
que distribui, do centro para a "periferia", formada por estados ineptos
e atrasados, recomendações e "notas" essenciais para a solução de seus
problemas e a caminhada humana rumo ao futuro.
O que faz a Petrobras ?
Produz
conhecimento, combustíveis, plásticos, produtos químicos, e,
indiretamente, gigantescos navios de carga, plataformas de petróleo,
robôs e equipamentos submarinos, gasodutos e refinarias.
De que vive a Moody´s ?
Basicamente,
de “trouxas” e de conversa fiada, assim como suas congêneres
ocidentais, que produzem, a exemplo dela, monumentais burradas, quando
seus "criteriosos" conselhos seriam mais necessários.
Conversa
fiada que primou pela ausência, por exemplo, quando, às vésperas da
Crise do Subprime, que quase quebrou o mundo em 2008, devido à
fragilidade, imprevisão e irresponsabilidade especulativa do mercado
financeiro dos EUA, a Moody,s, e outras agências de classificação de
"risco" ocidentais, longe de alertar para o que estava acontecendo,
atribuíram "grau de investimento", um dos mais altos que existem, ao
Lehman Brothers, pouco antes que esse banco pedisse concordata.
Conversa
fiada que também primou pela incompetência e imprevisibilidade, quando,
às vésperas da falência da Islândia - no bojo da profunda crise
europeia, que, como se vê pela Grécia, parece não ter fim - alguns
bancos islandeses chegaram a receber da Moody´s o Triple "A"
(ilustração), o mais alto patamar de avaliação, também poucos dias
antes de sua quebra.
Afinal,
as agências de classificação europeias e norte-americanas, agem, antes
de tudo, com solidariedade de “classe”. Quando se trata de empresas e
nações “ocidentais”, e teoricamente desenvolvidas - apesar de
apresentarem indicadores macro-econômicos piores do que muitos países do
antigo Terceiro Mundo - as agências “erram” em suas previsões e só vêem
a catástrofe quando as circunstâncias, se impõem, inapelávelmente,
seguindo depois o seu caminho na maior cara dura, como se nada tivesse
acontecido.
Quando
se trata, no entanto, de países e empresas de nações emergentes, com
indicadores econômicos como um crescimento de 400% do PIB, em dólares,
em cerca de 12 anos, reservas monetárias de centenas de bilhões de
dólares, e uma dívida pública líquida de menos de 35%, como o Brasil, o
relho desce sem dó, principalmente quando se trata de um esforço
coordenado, com outros tipos de abutres, como o Wall Street Journal, e o
Financial Times, para desqualificar a nação que estiver ocupando o
lugar de "bola da vez".
Não
é por outra razão que vários países e instituições multilaterais, como o
BRICS, já discutem a criação de suas próprias agências de classificação
de risco.
Não
apenas porque estão cansados de ser constantemente caluniados,
sabotados e chantageados por "analistas" de aluguel - como, aliás,
também ocorre dentro de certos países, como o Brasil - mas também porque
não se pode, absolutamente, confiar em suas informações.
Se
houvesse uma agência de classificação de risco para as agências de
“classificação” de risco ocidentais, razoavelmente isenta - caso isso
fosse possível no ambiente de podridão especulativa e manipuladora dos
"mercados" - a nota da Moody´s, e de outras agências semelhantes deveria
se situar, se isso fosse permitido pelas Leis da Termodinâmica, abaixo
do zero absoluto.
Em
um mundo normal, nenhum investidor acreditaria mais na Moody´s, ou
investiria um cent em suas ações, para deixar de apostar e aplicar seu
dinheiro em uma empresa da economia real, que, com quase três milhões de
barris por dia, é a maior produtora de petróleo do mundo, entre as
petrolíferas de capital aberto, produz bilhões de metros cúbicos de gás e
de etanol por ano, é a mais premiada empresa do planeta - receberá no
mês que vem mais um "oscar" do Petróleo da OTC - Offshore Technologies
Conferences - em tecnologia de exploração em águas profundas, emprega
quase 90.000 pessoas em 17 países, e lucrou mais de 10 bilhões de
dólares em 2013, por causa da opinião de um bando de espertalhões
influenciados e teleguiados por interesses que vão dos governos dos
países em que estão sediados aos de "investidores" e especuladores que
têm muito a ganhar sempre que a velha manada de analfabetos políticos
acredita em suas "previsões".
Neste
mundo absurdo que vivemos, que não é o da China, por exemplo, que - do
alto da segunda economia do mundo e de mais de 4 trilhões de dólares em
ouro e reservas monetárias - está se lixando olímpicamente para as
agências de "classificação" ocidentais, o rebaixamento da "nota" da
Petrobras pela Moody´s, absolutamente aleatório do ponto de vista das
condições de produção e mercado da empresa, adquire, infelizmente, a
dimensão de um oráculo, e ocupa as primeiras páginas dos jornais.
E
o pior é que, entre nós, de forma ridícula e patética, ainda tem gente
que, por júbilo ou ignorância, festeja e comemora mais esse conto do
vigário - destinado a enfraquecer a maior empresa do país - que não
passa de um absurdo e premeditado esbulho.