Foto: site da CLDF
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Alex
Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Uma deputada distrital, um ex-diretor da autarquia
responsável pelo transporte público do Distrito Federal e, pelo menos, dois
servidores do Banco do Brasil estão entre os 32 suspeitos de integrar um
esquema criminoso suspeito de aplicar um golpe milionário no banco público.
Segundo o delegado da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor,
Jefferson Lisboa, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 100 milhões.
Trinta e duas pessoas investigadas foram conduzidas para
prestar depoimento durante a primeira fase da Operação Trick, deflagrada na
manhã de hoje (30). Entre os investigados estão a deputada distrital Telma
Rufino (PPL) – que, por possuir mandato parlamentar, não pôde ser conduzida
para depor – e o ex-diretor do DFTrans e atual presidente do PPL, Marco Antônio
Campanella. De acordo com o delegado, Rufino e Campanella são, junto com o
gerente de uma agência do Banco do Brasil alvo do esquema, “os principais
líderes da organização criminosa”.
“Ficou demonstrado que eles [Rufino e Campanella] tinham uma
empresa real para possível lavagem do dinheiro e eram os mentores do esquema.
Criavam empresas fantasmas, com as quais entravam em contato com o gerente do
banco – também ele considerado um dos chefes do esquema – e conseguiam o
dinheiro [emprestado]”, disse Lisboa durante entrevista à imprensa. O gerente
do banco, cujo nome não foi divulgado, era responsável por liberar o dinheiro
solicitado, independentemente da inconsistência dos documentos apresentados.
A polícia vinha investigando o esquema desde 2013. De acordo
com o delegado, os mentores do grupo criavam empresas fantasmas para obter
empréstimos no Banco do Brasil. Os valores de cada operação variava entre R$
800 mil e R$ 1,4 milhão. Depois, para lavar o dinheiro e colocá-lo em
circulação, os investigados forjavam compras em outras empresas fantasmas que
faziam parte do esquema. Cinquenta e cinco empresas fantasmas e 19 verdadeiras
são alvo da investigação.
Como os empréstimos não eram pagos, o prejuízo estimado
varia entre R$ 70 e R$ 100 milhões. Com base em informações fornecidas pelo
próprio banco, o delegado afirma que esta foi a maior fraude cometida no
Distrito Federal contra a instituição bancária. A polícia tenta identificar a
participação de cada investigado no esquema e quanto em dinheiro cada um,
eventualmente, recebeu.
“Não temos como definir a quantia exata de valores
destinados a cada uma das pessoas. A participação de cada envolvido está sendo
apurada. A definição disso vai depender da análise dos documentos apreendidos e
da quebra do sigilo bancário”, afirmou Lisboa, garantindo estar convencido de
que todos os investigados “de uma forma ou outra, eram beneficiados”.
Em nota, a deputada distrital Telma Rufino disse desconhecer
o teor do inquérito policial e que, por isso mesmo, só irá se pronunciar sobre o
mérito das suspeitas após conhecer o as acusações. Ela afirmou estar à
disposição das autoridades e que “em data oportuna e marcada previamente”,
comparecerá à sede da Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, a
Ordem Tributária e Fraudes da Polícia Civil, onde prestará esclarecimentos.
Até a publicação desta matéria, Marco Antônio Campanella e
seu advogado não foram localizados pela reportagem.